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Política

Empresário denuncia abusos de poder e sexual de prefeito

Jovem teria sido demitida por não fazer sexo com o chefe

30 agosto 2016 - 07h00

Vagner Alves Guirado, prefeito de Anaurilândia, é investigado por assediar sexualmente uma servidora, além de improbidade administrativa, onde é réu em vários processos. Essa é a denúncia do engenheiro e empresário Eduardo Bottura, conhecido por ‘bater de frente’ com os desmandos de políticos em Mato Grosso do Sul.

Bottura conhece Anaurilândia como poucos. Morou na cidade, 367 quilômetros distante de Campo Grande, até 2009. É casado com Raquel Fernanda, nascida e criada no município. 

“Antes de me mudar, em 2009, participei ativamente da iniciativa de substituição do grupo que estava no poder e depois me afastei do cotidiano da cidade. Mas, Anaurilândia é a cidade natal da Raquel, onde nasceu e foi criada, e decidimos fazer algo positivo pela cidade”, contou Bottura.

Às vésperas da campanha eleitoral, o empresário afirmou que ainda confiava no atual prefeito, Vagner Guirado, como uma ‘pessoa nova e de mudança’ no quadro da cidade. Chegou a oferecer bancar a campanha dele à reeleição, com o teto máximo de gastos (150 mil reais), e tendo Raquel como vice.

Neste momento, porém, Bottura acabou sendo alertado. “Estava fora há muitos anos da cidade, mas o pessoal começou a vir falar comigo e vi o que estava acontecendo na cidade, e a renovação proposta por Vagner não existia mais, ele distorceu essa proposta, em uma subversão dos valores republicanos”, contou. “Pesquisei as ações contra o Prefeito ajuizada pelo MPE. Ouvi a população em visita à cidade. E eu não tenho compromisso nenhum com o erro, nunca tive. Não imaginei que a cidade estaria do jeito que está e percebi que apoiar o Vágner seria um erro e uma incoerência”.

Bottura então começou a pesquisar a vida de Vagner como prefeito, e já montou um dossiê – que só aumenta a cada dia – contra o atual chefe do Executivo.
A denúncia mais grave é de assédio sexual. “É um caso absurdo, uma menina que foi mandada embora porque não quis fazer sexo com o prefeito. Teve a vida destruída. Precisou mudar de cidade. Já existe inquérito sobre isso e eles ficam ameaçando a menina. Procurando familiares. Coagindo. Coisa de gente covarde.”, revelou o empresário.

O limite de gasto de campanha também estaria longe do permitido por lei. Há denúncias de compra de votos por R$ 800, além da realização de um 'megacomício', com direito a shows e carreata, a custos exorbitantes. E mais: o servidor que adesivar o carro com material de outros candidatos é punido pela prefeitura.

"Há denúncias, por escrito, de pessoas que estariam sendo cortadas de programas de assistência social, por não colarem adesivos do prefeito." 
O dossiê está todo sendo encaminhado para o Ministério Público Estadual. “Nunca vou compactuar com essa cleptocracia existente no Estado, e combato isso insistentemente desde 2009. Temos que confiar nas instituições”, dispara o engenheiro.

Gaeco
Além do prefeito, vereadores da Câmara de Anaurilândia são investigados pelo MPE, e foram alvo de operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), batizada de “Operação Viagem”.

Eles são investigados pela prática de peculato e associação criminosa, e ainda teriam tentado atrapalhar as investigações.

“Percebe-se um clima de vale-tudo na prefeitura, e os vereadores seguem o exemplo. O prefeito, por exemplo, construiu uma praça com colunas romanas, isso pra não ter como alguém comparar custos, já que não existe outra no Estado. E os vereadores têm esse prefeito de referência”, alertou Bottura.

A derrocada
Ainda conforme Bottura, Vagner teve todas as chances de sanear as finanças do município, já que recebeu verbas inesperadas da Cesp. Porém, colocou a cidade em um ritmo de queda, de derrocada.

Nem os precatórios a prefeitura estaria pagando em dia. A situação na cidade é crítica e há, somente em um processo, R$ 8 milhões em dívidas vencidas e não pagas.