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Política

05/07/2018 17:00

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Marun é investigado por fraude no Ministério do Trabalho; PF queria vasculhar gabinete e casas

PGR e STF negaram pedidos para vasculhar gabinete, mas destacaram atuações suspeitas do ministro

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), é suspeito de envolvimento com organização criminosa, que segundo a Polícia Federal e o Ministério Público, atuavam fraudando registros sindicais no Ministério do Trabalho com interesses políticos ou financeiros. Uma das situações suspeitas ocorreu em sindicato em São Gabriel D'Oeste, reduto político do emedebista.

A Polícia Federal pediu autorização para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços de Marun e sua chefia de gabinete, Vivianne Melo, no entanto, a Procuradoria-Geral da República negou o pedido.

Conforme informou a Folha de São Paulo, no despacho de sexta-feira (29), que afastou do cargo o ministro do Trabalho, Helton Yomura, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, relator das investigações da Operação Registro Espúrio, concordou com o posicionamento da PGR, mas destacou trechos que reforçam a suspeita sobre Marun.

Em suas manifestações ao Supremo, a PF e a PGR apontaram que materiais apreendidos anteriormente pela Operação Registro Espúrio, como mensagens de celular, mostram que Marun "se vale de sua força política para solicitar concessões de registros das entidades [sindicais] de seu interesse".

Há conversas entre a chefe de gabinete de Marun, Vivianne, e Renato Araújo Júnior, ex-coordenador de Registro Sindical do Ministério do Trabalho, atualmente preso, que, para os investigadores, evidenciam as demandas do ministro da Secretaria de Governo dentro do Ministério do Trabalho.

Em relatório, os investigadores registraram que, em 23 de maio deste ano, Júlio de Souza Bernardo, o Júlio Canelinha, chefe de gabinete do ministro do Trabalho preso nesta quinta (5), enviou uma mensagem a Araújo Júnior na qual pediu que um despacho no Diário Oficial da União fosse revertido para atender a um pleito de Marun. A publicação contrariava interesses do ministro.

O despacho retirava o termo "cooperativas" do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas de Carnes de Derivados, Indústrias da Alimentação de São Gabriel do Oeste (Sintrael), em Mato Grosso do Sul, base eleitoral do ministro. Também excluía a cidade de São Gabriel da base territorial do Sindicato Estadual dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas no Mato Grosso do Sul (Sintracoop-MS).

Conforme mensagens do ministro Yomura com auxiliares, interceptadas na operação, a decisão publicada no Diário Oficial era para atender aos interesses do Solidariedade em Santa Catarina, mas desagradou a Marun.

A PF registrou que, em mensagem de 25 de maio de 2018, Júlio Canelinha retornou ao assunto das demandas repassadas por Marun, pedindo informações sobre o que já havia sido resolvido.

"Percebe-se que, pela insistência, Júlio Canelinha está sendo cobrado para dar celeridade nos processos de interesse do ministro Marun, pressionando Renato a priorizar tais processos", diz o relatório.

"Os interesses políticos norteiam os trabalhos da Secretaria das Relações do Trabalho, contaminando todo o processo de concessão de registros sindicais, com fins de recebimento de vantagens, sejam elas políticas ou econômicas", acrescentou.

Outro lado

Marun e sua assessoria não atenderam aos telefonemas da reportagem da Folha nem do TopMídiaNews.

O advogado Breno Valadares, que integra a defesa de Yomura, disse que todas as medidas tomadas pelo ministro "estão em conformidade com a lei e com o interesse público".

A reportagem tentou ainda contato com os sindicatos citados, mas nenhum responsável foi encontrado para se pronunciar.

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