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Política

há 6 anos

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Pré-na-Estrada: na região do Bolsão, Puccinelli sobe o tom e Simone reina com o 'Tebet'

Encontros continuam e pré-campanha toma ares

O calor de Mato Grosso do Sul parece acompanhar o pré-na-estrada e, em Paranaíba, não foi diferente, bem como em Três Lagoas. Uma agenda cheia e muitas andanças fazem com que André Puccinelli, principal representante do MDB, apresente um discurso até dois tons acima dos encontros anteriores e cada vez mais seus “correligionários” se aproximem dele.

A região do bolsão ferve, no sentido literal e também no sentido político. Pouco antes, havia passado por ali um dos adversários políticos de André, o também pré-candidato juiz Odilon de Oliveira (PDT). A passagem dele é tratada com indiferença.

“Nem sabíamos que ele estava por aqui”, diz um integrante do partido. As conversas começaram a girar em torno de pesquisas e de fazer “o seu”.

Em Paranaíba, após visitas em várias rádios, Santa Casa e universidade, Puccinelli, sempre acompanhado dos senadores Waldemir Moka e Simone Tebet e aquele imenso séquito de seguidores, chega ao evento e é apresentado tal como uma grande atração.

Sem seguir uma ordem lógica, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Junior Mochi, dá início aos trabalhos e num discurso fugindo do clichê, mexe no vespeiro da criminalização da política. “Por mais que as pessoas estejam revoltadas com a política, é preciso participar ou quem não queremos ocupam os espaços “, diz Mochi ao chamar as pessoas para discutirem o assunto. Sem críticas ao atual governo, ele diz que “nós sabemos o resultado de um voto mal dado”.

O palco lotado tem André como ator principal, mas em ano de eleições, todos querem aparecer pelo menos um pouco. Atrasado, o ministro Carlos Marun acaba roubando a cena. Como sempre, ele é chamado com pompa e circunstância pelo cerimonialista, que mais parece um animador de palco e tenta empolgar a plateia presente.

O bom filho...

A “festa” marca a volta de Diogo Tita, principal anfitrião, para o partido que recentemente tirou o P do nome. Tita, que já foi prefeito de Paranaiba e deputado estadual, é uma das principais lideranças políticas da região e se apresenta como uma “parada federal”, ou seja, quer buscar uma vaga na Câmara Federal.

Tita já fala como se estivesse em campanha e explica sua mudança partidária. “O PPS não vai apoiar André Puccinelli e então só me restou sair, já que quero apoiar ele”, diz falando sobre os problemas locais e usando o mote da saúde para garantir que “o MDB não vai deixar fechar a Santa Casa”, para palmas dos presentes.

De repente, na plateia, a pedido da senadora Simone, Dona Gilka, aos 84 anos, se torna um ícone nos discursos, ela que é eleitora de Puccinelli levanta para ser saudada. Ela levanta e é efusivamente aplaudida. Simone Tebet, que está em casa, lembra da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro para falar de dona Gilka. “Devemos marginalizar os maus políticos nas urnas”, aconselha.

Silêncio gritante e assuntos espinhosos são levantados

Os discursos seguem curtos e grossos, até que André pega o microfone. O silêncio é quase que audível. Sem papas na língua, Puccinelli, inclusive, falou de dinheiro. “Eu não vou ficar com essa de comprar partido, quem quiser dinheiro não vai vir comigo, não adianta”, afirmou em insinuações sem citar nomes.  

E o discurso sobe o tom, falando inclusive sobre as “fake news”, assunto tão propagado ultimamente.

“Falam que eu estou preso, que eu estou usando tornozeleira, que eu sou corrupto, e não provam nada. Eu tenho como comprovar minha ficha limpa e serei candidato ao Governo do Estado”, afirmou dois tons acima, num discurso com lágrimas e que foi regado de aplausos de quem estava presente.

E o encontro termina como sempre: com fotos, selfies e pedidos mil para um Puccinelli de ar cansado, mas satisfeito. O ritual é quase o mesmo, mas ele segue em frente. Mais um jantar e mais e mais conversas sobre política.

Noites curtas e dias longos

Na pré-campanha, os dias são longos e as noites são curtas, sendo que às 5h todo mundo está em pé para seguir o comandante. A próxima parada é na “capital da Celulose”, onde o sobrenome Tebet é quase uma divindade.

Na Câmara Municipal, a organização impecável – porém sem um mínimo de simpatia, aguarda a comitiva de Puccinelli. Um eleitor homenageia a referência máxima local, Simone Tebet, com uma camiseta da primeira vez que ela foi candidata a prefeita.

“Naquela época podia dar camiseta, agora não pode mais nada”, diz o homem sorrindo.

O local está cheio e outras cadeiras são colocadas. Quando André chega, uma salva de palmas com o público se colocando em pé e puxando o coro com o nome do ex-governador o faz se emocionar. As autoridades presentes são chamadas uma a uma e o plenário ouve pacientemente cada um dos discursos.

Simone parece uma encantadora de plateias. Quando ela fala, o som é quase que canção para os ouvintes. Atentos, muitos acabam chorando com ela quando fala de seu pai, Ramez.

“Eu não consigo não me emocionar”, afirma ela. O discurso mais longo não é interrompido, já que ela é a “dona da casa”.

E assim é tratada, por todos, recebe presentes, atenção total. Até mesmo o discurso de Puccinelli acaba sendo voltado para os Tebets, e inclui-se aí o marido da senadora, deputado estadual Eduardo Rocha.

“Ele primeiro conquistou o Ramez para depois conquistar a Simone”, conta André ao microfone para risos da plateia. O discurso em tom de brincadeira muda quando é para falar dos adversários e garantir que será candidato.

As lágrimas de Puccinelli brotam quando ele fala da família, agora presentes nas palavras discursadas afirmando que tudo que falaram contra ele – e todos da família, será provado em contrario.

E que foi isso que fez ele aceitar o desafio de mais uma vez sair candidato “Porque eu vou fazer isso pelo meu Mato Grosso do Sul”, grita quase chorando. O público grita junto. E assim ele encerra, deixando um tom de revolta no ar.

Mais uma vez, Puccinelli mostra porque é considerado, ainda, um dos principais políticos de Mato Grosso do Sul. Para o bem e para o mal. 

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