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Saúde

Idosa entra em hospital andando e fica em coma após ‘injeção misteriosa’, acusa família

Santa casa diz que injeção era calmante

12 novembro 2018 - 07h00Por Anna Gomes

Há quase um mês a família de Iria Sá Costa, 67 anos, está passando um verdadeiro drama. A idosa que era conhecida por sua alegria agora, está em coma induzido após funcionários da Santa Casa aplicarem uma injeção e parentes denunciam que após a aplicação do medicamento tudo foi piorando.

Conforme o filho da idosa, Luciano Fabrício, sua mãe passou por uma operação na artéria aorta e estava tudo bem, mas após uma aplicação de uma injeção que a família alega não saber qual medicamento seria, a vida de Iria começou a mudar. Ela ficou com o corpo todo inchado e teve até um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Parentes da paciente buscam saber notícias com os médicos, mas ninguém diz quais remédios a idosa está tomando.

“Tentei todos os métodos de comunicação, falei, reclamei, procurei a ouvidoria do hospital, mas ninguém tomou providência. Estou todos os dias buscando informações com os médicos, mas nada foi feito. Ela teve uma reação alérgica após a injeção que foi aplicada no pescoço. Depois disso, ela começou a inchar, seus olhos começaram a virar, os nervos endureceram. A equipe não estava apta para aquela situação do momento e até gritaram comigo. Minha mãe começou apresentar fortes dores de cabeça, dormência na língua, e alguns delírios. Na mesma semana pediram para colocar um remédio embaixo da língua que deu feridas. Pergunto motivo do inchaço e não me informam o motivo. Há dois dias, durante uma visita, fui informado que ela pegou pneumonia devido ao tubo de oxigênio. Preciso de uma junta médica urgente”, disse Luciano.

O presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos, Valdemar Moraes de Souza, disse que já está sabendo da situação e adianta que o caso já foi protocolado no Ministério Público Estadual, para que a família consiga saber o que de fato aconteceu com a idosa.

“Não estão fornecendo um prontuário parcial para os parentes da vítima. Depois da injeção ela começou a ficar mal. Chegou a contrair uma bactéria e está em coma induzido no CTI (Centro de Tratamento e Terapia Intensiva). Tentamos falar com p presidente da Santa Casa mas ele não nos atendeu. A família precisa de uma resposta rápida e estamos acompanhando para fornecer esse apoio. O filho dela deixou de trabalhar  para cuidar da mãe. Entra médico, sai médico e ninguém fornece informações sérias para a família, dizem que o estado de Iria é instável. Como se ela está em coma induzido? Estamos lidando com a vida de uma pessoa”, destacou.

Outro lado

Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa todas as informações relativas a pacientes ficam à disposição dos familiares que visitam os mesmos nos CTIs três vezes por dia e têm acesso, inclusive, aos médicos para sanar dúvidas e receber informações, conforme normas do setor.

Leia na íntegra a resposta do hospital sobre o caso

O hospital teve conhecimento do relato do filho da paciente nas mídias sociais na quarta-feira no final da tarde, dia 7. No dia seguinte, quinta-feira, dia 8, reuniu os médicos participantes do tratamento com o filho, autor do relato, e dois tios do mesmo. Na ocasião foram sanadas todas as dúvidas relativas ao tratamento de forma exaustiva e os mesmos se declararam satisfeitos e sem nenhuma questão mais. O filho recebeu, inclusive, a indicação e telefone de setores e pessoas que poderia procurar caso lhe fosse negada alguma informação.

Ainda de acordo com o hospital, o caso da paciente é de extrema gravidade e passou por uma dissecção de aorta severa. Seu tratamento e recuperação se mostram prejudicados por problemas de saúde crônicos pré existentes.

A maioria do relatado pelo filho diz respeito a impressões que o mesmo teve sobre o caso, e não pode ser considerado pelos médicos que agem tecnicamente, buscando o melhor para a paciente. A medicação a que se refere o mesmo em seu relato seria de antes da intervenção cirúrgica e se trata de um medicamento indicado para pacientes agitados ou apreensivos e fez o efeito proposto. O mesmo reclamou aos enfermeiros que a mãe estaria desacordada, todavia foi constatado que se tratava apenas de sono profundo colaborado pela medicação. O fato foi relatado no prontuário que pode ser acessado por familiares.

Em seu relato ele fala, ainda, de pacientes com patologias transmissíveis em local inadequado e bactérias. A informação, mais uma vez é baseada em sua impressão e não procede, pois o hospital conta com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar eficiente que controla isto e colocou o hospital com taxas menores que a metade da média nacional. Questiona, também, o paramento de prevenção de contato que veste quando entra no CTI, porém este está rigorosamente dentro das regras estipuladas pela normatização dos órgãos de saúde no País.

É compreensível o sentimento filho com o sério quadro clínico enfrentado pela mãe e no dia da reunião com os médicos lhe foi oferecido apoio de profissionais multidisciplinares, caso julgasse necessário.