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Saúde

Pacientes de hemodiálise correm risco de morrer sem medicamentos em Campo Grande

Suplementos em falta são utilizados para evitar agravamento do estado de saúde

29 julho 2017 - 13h30Por Liziane Berrocal
Pacientes de hemodiálise correm risco de morrer sem medicamentos em Campo Grande

Três vezes por semana Jairton Bezerra Costa passa quatro horas em uma máquina de hemodiálise. Paciente renal crônico, além de enfrentar a dura rotina da doença, Jair também amarga a falta de medicamentos essenciais para prevenir doenças em seu organismo, pouco imune as comorbidades que a insuficiência renal traz. Além dele, outros pacientes também estão na mesma situação.

O problema é que a Casa de Saúde, mantida pela Secretaria Estadual de Saúde, desde dezembro não está entregando regularmente medicamentos como Calcigex e Noripurum, que são tomados antes de cada sessão.

“A injeção do Noripurum é para fortalecer a questão do ferro no organismo, tomo três doses cada vez que vou para a sessão e o Calcigex é para os ossos, pois o renal crônico tem muita fraqueza nos ossos” conta Jairton, que há quatro anos enfrenta a mesma rotina.

Além dele, outros pacientes também estão na mesma situação. E segundo a nefrologista Heloisa Fujinaka, a falta desses suplementos medicamentosos acaba causando uma sequencia de problemas. “Aumentam os números de internações, de fatores de riscos, de transfusão de sangue, onerando todo um sistema de saúde que poderia ser menos inchado se houvesse a prevenção”, explica.

Segundo a médica, a falta destes medicamentos coloca a vida de quem precisa da hemodiálise em risco. “O paciente que tem uma doença crônica já tem a imunidade baixa, e as comorbidades que ela traz como anemias graves e doenças nos ossos é um grande risco para que não consegue tomar os medicamentos da maneira correta”.

Pesa no bolso

Em média, cada caixa com cinco ampolas da injeção de Noripurum tem o valor de R$ 60 e de Calcigex no valor médio de R$ com três ampolas. “Eu não consigo pagar tudo isso e tem pacientes que fazem o tratamento comigo que ganham um salário mínimo. Fora outros gastos que temos para tentar ter uma vida normal”, conta Jairton. Segundo ele, são pelo menos 90 pessoas na mesma situação.

“Isso só na turma que eu faço a diálise, fora outros que não ficamos sabendo. Meu medo é pessoas morrerem por isso”, lamenta. Os medicamentos foram conseguidos judicialmente.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Governo do Estado para saber sobre a situação ou uma possível reposição dos medicamentos na Casa de Saúde, e segundo as informações o medicamento Noripurum foi entregue na Casa de Saúde para ser feita a distribuição aos pacientes. Já o Calcijex (calcitriol) está em processo de compra pela SES. "Esse medicamento teve produção suspensa e só foi regularizada em março deste ano. Foi aberto um novo processo de compra e ele está em andamento. No entanto temos disponibilizado o calcitriol comprimido, portanto o paciente não tem ficado sem tratamento. A vantagem do injetável é que a adesão ao tratamento é maior pois eles já tomam muitos medicamentos e o calcitriol seriam mais comprimidos/dia".