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20/01/2017 08:31

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São Paulo faz bom jogo com ideias de Ceni, coragem e pressão

No primeiro tempo, postura agressiva sem a bola faz Tricolor dominar completamente o River Plate e sofrer pela má pontaria. Insistir no coletivo é o caminho para melhorar

Duas frases devem servir de mantra para o São Paulo em seu salto da mediocridade à modernidade. A primeira é de seu próprio técnico, Rogério Ceni. Neste início de trabalho, ele se preocupa mais com desempenho do que resultado. A segunda é de Tite, o melhor do país e defensor ferrenho de que um coletivo forte tem o poder de aprimorar o lado individual.

Coletivamente, o São Paulo mostrou, no primeiro tempo do empate sem gols diante do River Plate – vitória por 8 a 7 na decisão por pênaltis – (veja melhores momentos acima), muitas ideias da nova comissão. Limitado pela condição física de início de ano e pelo pouco costume dos jogadores à tal filosofia, o time teve intensidade, compactação, combate agressivo sem a bola (na postura de atacar o desarme) e verticalidade. Caminhou sempre em direção ao gol.

Individualmente, problemas de 2016 se repetiram: pênalti perdido, o sofrimento de Chavez para fazer gols e a imensidão de decisões erradas tomadas por Luiz Araújo comprometeram a atuação. Mas se as frases de Rogério Ceni e Tite guiarem o elenco, é possível acreditar que o elogiável desempenho coletivo pode melhorar esses jogadores.

Ao contrário do que se anunciara, nada de 3-4-3. O São Paulo começou o jogo no 4-3-3: Maicon e Breno na zaga, Rodrigo Caio como volante, alinhado aos laterais Bruno e Buffarini, e atrás de Thiago Mendes e Cueva. Sem a bola, a marcação formava um 4-1-4-1, com os atacantes Wellington Nem e Luiz Araújo compondo a linha de meio-campo.

Por que o São Paulo teve tantas chances de gol no primeiro tempo?

Pela postura sem a bola. Bruno, Thiago Mendes, Maicon, Buffarini e Rodrigo Caio foram os melhores nesse quesito, mas o time inteiro entendeu que deveria ser agressivo na recuperação da bola. No vídeo abaixo, Thiago Mendes poderia apenas cercar para evitar o cruzamento, mas atacou o adversário, roubou a bola e criou o contra-ataque que Chavez, impedido, desperdiçaria 12 segundos depois – o tempo entre a roubada e a finalização é um indicador importante.

Esse outro lance, abaixo, mostra o posicionamento do São Paulo num lateral no campo defensivo do River. Adiantado. Se o adversário conseguir sair da armadilha, que corram atrás. É assim mesmo que se joga futebol hoje. Não há outra alternativa para sair da mesmice. Repare na ação para destruir o lance argentino em sua construção, na origem, no campo de ataque tricolor.

Escrevi na virada do ano que é simplesmente impossível fazer essa transição de patamar sem cometer erros. Breno, um dos mais suscetíveis a falhas pelo tempo de vida sem futebol, cometeu uma necessária no primeiro tempo. A ideia era correta: se os meias estão marcados, o zagueiro precisa ter qualidade para iniciar a criação. A execução foi ruim. Mas é um erro que mais orgulha do que preocupa o treinador.

Wellington Nem foi o melhor em campo. Sofreu pênalti, deixou Luiz Araújo cara a cara com o goleiro Bologna, girou sobre o lateral do River Plate como se fosse uma criança na marcação. Thiago Mendes e Cueva tornaram o jogo muito vertical, com passes em profundidade. O peruano, por sinal, perdeu um pênalti que mudaria o jogo e demorou a se encontrar no sistema, mas depois pareceu entender bem que funções deveria executar, participando da recomposição defensiva e acelerando a saída para o ataque.

O segundo tempo teve outra cara. Muito pior, mas esse é mais um ponto para Rogério Ceni. O técnico iniciante não se deixou levar pela pressão de o Corinthians ter vencido na véspera ou pelo receio de lançar garotos contra a camisa do River Plate. Trocou todo mundo e provou sua palavra, de que o desempenho vale mais, com atitude. Com convicção, o elenco acredita.

As presenças de João Schmidt, Wesley e Cícero fizeram do São Paulo um time muito mais trocador de passes, de mais cadência e menos sede de entrar na área adversária. Rogério deve ter percebido que Gilberto não combina com essa formação. Mais “paradão” do que Chavez, ele precisa de companheiros que cheguem à linha de fundo, como Wellington Nem, Luiz Araújo e David Neres. Sem isso, ele se limitou a correr atrás dos defensores do River.

O lado esquerdo do São Paulo se tornou agradável ao River Plate. O lateral Júnior Tavares ficou bem longe do que se espera. Neilton foi tão mal que saiu para a entrada de Shaylon, e o artilheiro do time sub-20 de 2016 foi o autor da melhor finalização do time nos 90 minutos, que exigiu reflexo do goleiro Bologna. Wesley, improvisado na esquerda, também não brilhou.

O Tricolor quase sofreu o gol nos minutos finais, sobretudo pela presença de Driuzzi, meia do River que nitidamente estava alguns níveis acima dos demais jogadores em campo.

É evidente que 90 minutos mais dezenas de pênaltis não permitem rótulos, mas a imagem deixada pelo São Paulo foi positiva. Com o time que mais se aproxima do que Rogério Ceni poderá considerar titular, a teoria foi posta em prática. Cada movimento representava uma ideia, e isso é difícil em tão pouco tempo de uma mudança tão drástica.

Se aquela frase de Tite, do poder coletivo de fortalecer o individual, se confirmar, o São Paulo poderá ir longe em 2017. Os atacantes precisam melhorar.

Por enquanto, Rogério Ceni está de parabéns.

 

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