Magda Moraes, 53 anos, Míriam Arazini, 31 anos, e Vera Chaves, 53 anos, têm em comum, além da paixão pela gastronomia, o uso do conceito de “slow food” para tratar seus pratos, e quem os aprecia, com mais carinho. Chefs de cozinha que atuam na área de docência e consultoria em Campo Grande, elas ganharam destaque ao inserirem ingredientes típicos do cerrado e produtos de origem local em suas receitas.
O Slow Food surgiu, em 1986, como uma organização não governamental fundada pelo jornalista italiano Carlo Petrini. Em contraste com o fast-food, o movimento tem como conceito promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições, respeitando uma forma de produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente.
“É uma filosofia em que o alimento tem de ser bom, justo e limpo. Que valoriza os elementos de determinadas culturas e regiões”, explica Magda, membro do Slow Food Convivium Campo Grande.
A adesão ao conceito inovador contribuiu para que o trio fosse o único feminino a ser indicado ao Prêmio Nacional Dólmã. Apesar de estar em sua primeira edição, a competição é um das principais da gastronomia brasileira. Promovida pelo Grupo Conforto Gastronômico e o Comitê Permanente da Gastronomia, a premiação acontece em maio, em Recife, com a presença de 57 chefs indicados.
Magda Moraes, Mírian Arazini e Vera Chaves. Foto: Divulgação
Surpresa com a indicação ao premio, Vera acredita que o conceito de “slow food” vai além da valorização das receitas. “É uma tentativa de resgatar sabores que estão sendo instintos e colocar as pessoas de volta ao redor de uma mesa para se alimentarem”.
Para os que pensam que o conceito é passageiro entre os chefes brasileiros, Míriam defende. “É uma tendência da gastronomia. Não é uma moda. É uma postura que a população e o mundo têm exigido”, afirma.
Contemporâneo, conceito valoriza iguarias do cerrado e produção local
Cumbaru, Bocaiúva, Genipapo, Guavira e Pequi. Frutos típicos do cerrado. Até conhecidos, mais bem pouco degustados pela população de Mato Grosso do Sul. Estas são as iguarias típicas de nossa terra que acabam fortalecidas pelo “slow food”. Das experiências baseadas no conceito nascem pãezinhos, biscoitos, mousses, patês e, até, brigadeiro. As novas formas tornam tais frutas mais acessíveis e agradáveis ao paladar.
E não é necessário dotes para transformar tais matérias-primas. Comunidades indígenas, quilombolas e pequenos produtores rurais do estado costumam comercializar as frutas já processadas em farinhas ou licores. O consumo permite novos prazeres e ajuda a escoar estas produções.