Não são poucas as pesquisas que apontam a dificuldade de acesso das classes mais baixas ao ensino superior. Sem a mesma estrutura durante o ensino médio de outros concorrentes, e como poucos recursos para bancar um cursinho preparatório, diversos estudantes precisam redobrar os esforços se quiserem superar o desafio de ser aprovado no vestibular.
No meio dessas histórias, surge a de Gabriel Nobre. Natural de Santos, São Paulo, o jovem de 19 anos teve um interesse despertado por medicina. Seu pai visitava o médico rotineiramente por conta de uma hidrocefalia e lá a paixão pela profissão de médico nasceu. Com o sonho despertado, Gabriel agora precisava superar diversas barreiras para alcançar a aprovação. Começou com uma rotina que envolvia terminar o ensino médio, concluir um curso técnico e fazer cursinho pré-vestibular durante a noite.
Em 2016 tentou, mas não teve nota suficiente. Porém, continuou sua caminhada. Conheceu um novo cursinho com aulas mais focadas em seu objetivo, mas não tinha dinheiro para bancá-lo. Um dos donos do cursinho ofereceu uma bolsa e em troca, Gabriel daria uma faxina no local das aulas, ele prontamente aceitou. A rotina agora de cursinho, faxina e estudar no banheiro de um posto, em que sua mãe trabalhava como frentista.
Todo este esforço foi, ainda bem, recompensado. Quarto lugar em medicina pela Universidade de São Paulo, uma das mais disputadas do país. A história de Gabriel fala de alguém que, diante de um sistema completamente desfavorável, conseguiu resistir e chegar em seu objetivo. Um exemplo vivo de uma resiliência genuína. Enquanto este sistema não é superado, nos cabe parabenizar e espalhar histórias fantásticas assim. Elas indicam que apesar de tudo, tem gente boa lutando e vencendo.