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14/12/2013 08:30

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Casal gay derrota preconceito no interior de MS

Superação

Com população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de apenas 10.287 pessoas em 2013, o município de Guia Lopes da Laguna, no interior de Mato Grosso do Sul, é palco de uma história de amor que foge dos moldes convencionais em que os moradores da pacata cidade estão acostumados a acompanhar.


O primeiro casamento homoafetivo – entre duas pessoas do mesmo sexo – da cidade foi celebrado em setembro de 2011. A dona de casa Maria Aparecida Batista dos Santos, de 46 anos, e a funcionária pública Roselene Correia de Almeida, de 42 anos, puderam dizer “sim” depois de quase um ano de união estável.

 

Resolvemos casar e aí puxamos a fila, foi o primeiro casamento homoafetivo em Guia Lopes”, explica Roselene. “Fomos lá, casamos e voltamos pra casa. E a moça que trabalhava no cartório falou pra gente que era a primeira vez que um casal gay oficializava a união na cidade”, completa Aparecida.


Sem dúvidas, um marco histórico. Segundo o IBG, 60 mil casais homoafetivos vivem juntos no país, a maioria formada por católicos (47,4%) e mulheres (53%). Os dados constam de pesquisa realizada com base no Censo 2010. Agora é só transferir a dimensão desse fato à realidade da pequena cidade.

 

 

Por ser no interior, com a mente das pessoas muito fechada, foi diferente e deu inicio a uma coisa que ninguém havia feito antes. Todos os casais homoafetivos eram unidos, mas não casados oficialmente”.


Segundo elas, a reação por parte da população da cidade foi boa, no geral foram parabenizadas pela iniciativa. “Todo mundo admirou e não criticaram não. Tem dois ou três que olham torto, mas é a minoria e nunca nos desrespeitaram, e nem jugaram se está errado ou está certo. A gente respeita para ser respeitadas”, argumenta Roselene.


HISTÓRIA


Aparecida morava em Água Clara, interior de MS, e possuía uma amiga em Guia Lopes que conhecia Roselene e mantinha contato pelo celular. “Eu pedi para falar com ela pelo telefone. A gente conversou, trocamos nossos números e nos telefonamos durante um mês. Então mandei uma foto minha pra ela, mas ela não mandou uma dela, e eu fiquei sem saber quem como era a Rose”, revela Aparecida.


Curiosa e instigada a conhecer a fisionomia do futuro amor, Aparecida viajou de Água Clara à Guia Lopes rapidamente. “Cheguei num dia e quando era 5h da manhã do outro dia eu fui embora. Só dormi no hotel”, ressalta. “Depois de um mês a Rose foi para minha cidade e ficou 60 dias lá comigo durante as férias do seu serviço. Foi quando decidimos morar juntas e cá estamos”.



Em Guia Lopes elas enfrentaram suas primeiras dificuldades. “A Rose é trabalhadeira, ganhava dinheiro, mas não sabia como empregar e gastava tudo à toa. Quando cheguei, até no chão tive que dormir com ela porque não tinha uma cama de casal”, confessa Aparecida.


Mas como diz aquele velho ditado, quem casa quer casa. E assim veio a motivação para construírem um lar. “Eu falei que desse jeito não ia ficar não, teríamos que achar uma solução porque íamos morar juntas. Então nós procuramos administrar o dinheiro bem e o que deu para fazer a gente fez, como construir nossa casa”, lembra Aparecida.


TRAGÉDIA


Com tudo estabilizado, Aparecida resolveu levar a filha mais nova para morar com ela e sua parceira. Jessica Batista, de 14 anos, morava em Guia Lopes desde 2012, quando foi atropelada por um veículo em alta velocidade enquanto fazia caminhada próxima a BR 163. O acidente aconteceu em agosto de 2013 e deixou a cidade em clima de revolta.

 

A Jéssica era uma boa menina, quieta, estudiosa e não interferia na nossa vida de jeito nenhum. Tudo o que ela queria a gente fazia o possível para dar. Então ocorreu uma fatalidade e ela veio a falecer. Não sei se eu vou conseguir falar sobre isso, ainda dói muito”, desabafa Aparecida.



Diante dessa dificuldade, Aparecida encontrou força em sua parceira para continuar seguindo em frente. Assim como Roselene também viu em Aparecida uma inspiração para lutar. "Hoje eu aprendi que devo ter um objetivo na vida. A Cida me ensinou a querer alguma coisa. Ela é minha companheira, minha amiga, minha mulher e um ser humano extraordinário. Até nas horas mais difíceis, como a perda de sua filha, ela está sempre pensando em alguém”, finaliza.

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