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20/10/2015 10:26

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Com ajuda da população, Instituto monitora e acompanha ninhos de araras

Há mais de 20 anos, o Instituto Arara Azul trabalha na proteção e acompanhamento de araras azuis no Pantanal sul-mato-grossense, mas esse trabalho expandiu e, desde 2009, os ninhos urbanos de Campo Grande também estão sendo acompanhados e cadastrados. Os ninhos normalmente estão em árvores ocas ou em troncos de palmeiras que perderam as copas em diferentes lugares, como vias públicas, casas, comércios, rotatórias e conquistaram o amor dos moradores.

Neiva Guedes, bióloga professora da Uniderp e presidente do Instituto, conta que esse acompanhamento começou nos anos de 1999 e 2000, com as mudanças na fauna em torna da cidade.

"Depois de uma série de queimadas no entorno de Campo Grande, as araras-canindé e as vermelhas encontraram alimentos e moradia nas árvores ocas e palmeiras velhas na cidade. Depois que percebemos a adaptação delas começamos a estudar se os ovos se desenvolveram", afirma.

Em 2009 foram dois ninhos monitorados, 2010 esse número cresceu para 16 e, agora em 2015, são 85 cadastrados e 45 monitorados. "O monitoramento é feito três vezes por semana. Tem semana que conseguimos visitar os 45 e outras semanas que a equipe vai em 20 ninhos ou mais".

Não é só a espécie que muda, mas o comportamento também. "As azuis, no Pantanal, já se acostumaram com a nossa presença, quando a gente chega até saem. Já as daqui não, estão sempre envolta e muitas das vezes não deixam nem fotografar os ninhos. Porém, o que elas tem em comum é que não abandonam os filhotes, nem os que caem".

Ela conta que os maiores predadores das ararinhas urbanas são os gatos e cachorros. "Quando o filhote cai no ninho, as vezes as pessoas tentam ajudar levando para dentro de casa, mas lá tem cachorro ou gato, que são predadores. Nós aconselhamos que o mais adequado é que deixem em um lugar aberto, pois os pais nunca abandonam os seus filhotes, mesmo fora do ninho continuam alimentando. Teve um caso que a chuva afundou um ninho e o filhote caiu, aí o morador colocou um caixote de supermercado no muro e os pais continuaram cuidando", relembra Neiva

O projeto não tem ajuda financeira, apenas o apoio institucional da Uniderp e da empresa de veículos Toyota, entre outras, então a ajuda vem de pessoas que desejam acompanhar uma dessas visitas. "Quem quiser conhecer, sozinho ou em grupo, pode entrar em contato pelo telefone [67] 3222 1205 que nós informamos quais os valores das doações", explica Elisa Mense.

Elisa está no projeto desde o início, ao lado de Neiva Guedes. Foto: André de Abreu


Mãos a obra

O trabalho, feito por duas estudantes de biologia, pelo biólogo Edson Diniz e pela coordenadora Larissa Barbosa, é subir nos ninhos, fotografar, medir e pesar os filhotes. "Nós registramos sete ninhos, dos 45 monitorados, que os pais não deixam a gente ver o que tem dentro, nem colocar a mão, não saem. Um desses ninhos é no Cras [Centro de Recuperação de Animais Silvestres], que demoramos quase três semanas para conseguir fotografar, pois a mãe entrava, abria as asas ou tentava picar a nossa mão", conta Edson.

Filhotes com aproximadamente dois meses. Quando completarem 85 dias já poderão voar. Foto: André de Abreu

Yuri Rodrigues, corretor de imóveis, mora perto da avenida Senador Antônio Canale, que fica ao lado do bairro Pioneiros, e admira a iniciativa. "Aqui antes era uma reserva florestal, não tinha essa avenida, então eu acho muito importante esse cuidado com os animais silvestres da região. Eu amo esses animais, acordar com o canto delas é um privilégio".

"É muito importante que a participação da população, pois são eles que nos chamam quando algo acontece e são eles que cuidam dos ninhos, principalmente os que estão dentro das suas casas. O trabalho deles é como se estivéssemos várias equipes espalhadas pela cidade", conclui Neiva.

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