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Com frutas, garapa e salgados, ambulantes improvisam feira livre na Lúdio Coelho

20 dezembro 2015 - 16h50Por Amanda Amaral

Depois da construção de dois quebra-molas em um ponto da avenida Lúdio Martins Coelho, na região leste de Campo Grande, a passagem em menor velocidade dos veículos foi quase que estratégica para a ocupação do acostamento por comerciantes ambulantes. Entre os mais diversos produtos, são vendidos pães de queijo recheados, pães, frutas, pasteis e até móveis grandes de madeira, por exemplo.

Os comerciantes que se instalaram por ali sem alvará convivem com a incerteza da permanência no local, que não é próprio para o comércio, mas seguem a rotina das vendas que a cada dia fica mais frequentado. Hoje, são aproximadamente 15 vendedores reunidos em fileira, número que aumenta praticamente a cada duas ou três semanas.

Desde janeiro, Carlos Aguirre Almande “Batoré”, 44 anos, foi um dos primeiros a chegar e fica das 14 às 21h, de segunda a segunda, à frente da barraca onde vende caldo de cana a quem passa por ali, onde hoje está firmado o endereço da sua única fonte de renda. Para ele, o ponto é ideal para garantir o pagamento de suas contas no fim do mês, e que em outros lugares não conseguia tanto movimento.

Há alguns meses, ele lembra que fiscais foram até o local para notificar os ambulantes e pedir a retirada dos mesmos. “Saímos, mas um tempo depois fomos voltando, pouco a pouco, porque não estava dando pra se manter em outros lugares”, conta.

O mesmo passou a família de Michel Felipe Cabreira, 22, que cuida das mesas e cadeiras de madeira expostas na calçada da avenida. “Todos sabemos que não pode ficar sem alvará, mas ao mesmo tempo somos vítimas desse sistema que quer colocar imposto em tudo”, considera o jovem.

“A cidade cresceu, mas mantém algumas coisas típicas, como as rodas de amigos, a relação de proximidade com comerciantes. Acho que aqui as pessoas encontram isso”, diz José Claudio dos Santos, de 55 anos, que há quatro meses estacionou sua Kombi por ali para vender os pães que ele mesmo produz.

Ele conta que decidiu passar as tardes ali vendendo os seus produtos caseiros depois de observar o movimento de dentro do carro. Desde sua chegada, foi acolhido pelos outros ambulantes e diz que já conquistou uma clientela fixa, mas confessa que aguarda com receio pelo dia em que a fiscalização da prefeitura faça uma ‘batida’ no local. “Se tivesse uma possibilidade de uma feira, ou que arrumassem uma estrutura legalizada aqui, ia ser ótimo, porque tem público e as pessoas gostam”, diz.

A freguesia comprova. “Compro de tudo aqui, mas principalmente laranja, melancia, abacaxi e outras frutas porque o preço é bom e elas são boas. Pra quem mora na região é uma facilidade, eu não vejo que atrapalha porque tem duas outras faixas pros carros passarem”, opina o cliente Valmir Rojas, 49 anos, morador do bairro Caiçara.

“O espaço tem mesmo que ser aproveitado, não é o mais correto, mas acho que a maioria das pessoas apoia. A única coisa ruim é passar pela calçada se está lotado e quando fica algum lixo, mas eu percebo que eles têm evitado isso”, diz a moradora do bairro Oliveira III, Maria Aparecida Amarilha, de 50 anos.