A reação que dá nome ao projeto social desenvolvido pelos policiais do 10º Batalhão da Polícia Militar de Campo Grande, para combater à criminalidade poderia ter vindo de várias formas. Mas viatura, fardas e rondas foram substituídos pelo tatame e quimono do Jiu-Jitsu para dar caráter mais eficaz as ações da polícia nos bairros da região sul da Capital. Realizado a cerca de quatro anos, o projeto tem caráter preventivo e vem ajudado na redução da criminalidade, especialmente, dentro das escolas e entorno.
De acordo com o soldado Robson Ribeiro Franco, atualmente a iniciativa atende cerca de 100 alunos das escolas estaduais Amando de Oliveira, no bairro Piratininga, e Neyder Suelly Costa Vieira, no Aero Rancho. Atuando como instrutor desde o início do projeto, o PM acredita que o treino do esporte dá novo caráter ao papel da polícia. "Participando diretamente de projetos sociais, a comunidade começa a enxergar o policial como um ser humano. Um cidadão", explica.
(Foto: Deivid Correia)
Os reflexos dos benefícios trazidos pelo projeto podem ser notados minutos antes do início de qualquer treino. O alvoroço necessário para juntar alunos do quinto e sexto anos no meio do tatame, devidamente uniformizados, é substituído por um silêncio disciplinar à primeira palavra do mestre. "Trabalhamos muito a parte da orientação em questões como respeito e outros valores. A disciplina é a principal delas", explica Franco.
A diminuição nos casos de violência dentro das escolas e no entorno é sentida principalmente por quem trabalha diretamente nas instituições. Diretor há três anos da escola Neyder Suelly Costa Vieira, Márcio Wagner de Souza, 39 anos, afirma até mesmo as brigas dentro da escola diminuíram desde que o projeto foi implantando, em maio deste ano. "O melhor foi mesmo investir na prevenção do que gastar remediando", afirma utilizando como referência o famoso dito popular.
(Foto: Deivid Correia)
Treinando por meio do projeto desde o ano passado, Victor Miguel Micharki Borges, 16 anos, afirma que a prática do esporte acabou incentivando um melhor desempenho nos estudos. "Cada um tem uma dificuldade na hora de encarar os livros. Mas o projeto acaba exigindo da gente melhores notas para que continuemos", explica.
(Foto: Deivid Correia)
Iniciativa restrita
Apesar de seguir a risca a filosofia da polícia comunitária, iniciativas como estas ainda são restritas na região. Conforme a PM, são 120 escolas na zona sul da cidade e apenas duas recebem o projeto. Na escola localizada no bairro Aero Rancho, a aplicação Jiu-Jitsu só foi possível porque a instituição está incluída no projeto Mais Educação e já possui quimonos por oferecer também judô no local.