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Jovens criam canal no Youtube para 'fortalecer a cena Hip Hop' na Capital

07 abril 2016 - 15h09Por Kamila Alcântara

Para valorizar o movimento hip hop, mostrar que se trata de uma arte e que precisa ser reconhecida, os jovens Victor Lucena, 21 anos, João Lopes e Dhiego Patrick, ambos de 22 anos, transformaram o movimento S.O.S Hip Hop em canal no YouTube. Com o primeiro vídeo publicado, o principal objetivo é mostrar a sociedade que essa 'cena' é arte, não algo diretamente associada à criminalidade e ao consumo de drogas.

No movimento existem quatro seguimentos: os b-boys, que é galera da dança, os MC's que fazem as rimas de rap, os DJ's que mandam o som e os grafiteiros. "A ideia do projeto surgiu para unir a cultura hip hop, pois sentimos que estava tudo muito desagrupado, os ‘rolês’ aconteciam de forma separada e a união traz a força, a cultura", explicou Diego.

Diego leva os filhos e a esposa em todos os eventos que participam - Foto: Reprodução 

Foi quando os jovens comentaram a ideia com o pastor da igreja que congregam que os conceitos de valorização da cultura começaram a surgiu. O que era apenas uma organização de eventos, que iria unir a galera, acabou se tornando uma vitrine que busca a profissionalização das pessoas que buscam viver da arte de rua, que é muito descriminada pela sociedade.

"O hip hop está muito vinculado à criminalidade. A sociedade já pensa que é rebeldia e drogas, a última coisa que enxergam é cultura. Nossa meta é tentar resgatar a cultura do hip hop e descriminalizar essa arte irregular, que não nasceu em um conservatório, mas nas ruas. Por isso também criamos o canal, para que essa arte tenha voz e os artistas se profissionalizem", defendeu o pastor dos jovens, Igor Pereira, 35 anos, que é produtor musical no meio sertanejo.

Mãos a obra

Envolvidos no movimento desde cedo, o primeiro temor dos rapazes foi o preconceito com a forma de se comportarem, mas isso acabou logo na primeira organização do projeto.

"Eu fiquei com receio de estar tão envolvido no meio por conta da questão profissional, mas quando vimos que era uma ideia sadia percebemos que não havia a necessidade de mudar a forma de falar e se comportar. As pessoas têm que ver o cara tatuado, de roupa larga e achar 'da hora'. A impressão do hip hop já foi muito denegrido no passado, queremos passar uma mensagem positiva e organizada", disse Diego, que trabalha no ramo de comunicação visual em parceria com Victor.

Victor também participa de eventos de rimas - Foto: Reprodução

"O preconceito existe desde sempre, desde quando hip hop surgiu nos bairros pobres. Por ser uma arte dessa classe menos favorecida, as pessoas sempre vão ter preconceito. Acredito que esse projeto vai ser um espaço para a galera fazer dinheiro de forma digna", acredita Victor. Ele completa dizendo que esse seguimento ainda não consegue ter qualquer lucro ou patrocínio, que os  envolvidos estão ali por gostar, diferente do sertanejo.

Ligados à organização, quem quiser participar do movimento vai ter regras para ser cumpridas. "Rap é protesto, mas dá para fazer protesto sem apologia as drogas, pois têm pessoas que se espelham no que você está dizendo no rap. Dá para fazer protesto sem falar mal da polícia, porque falar mal não vai adiantar. Temos que mostrar a arte sem ofender ninguém para ser valorizado", apontou João.

João também participa do movimento União Rap Campão - Foto: Reprodução

O plano agora é registrar todos os eventos do movimento no Estado, usando o canal como uma ferramenta de acesso às informações da tribo. "Estamos querendo trazer um pessoal de fora e tudo mais, não só focar no canal, mas sim dar valor aos artistas, mostrar que eles podem ganhar dinheiro com essa arte como são nas outras. Queremos a visualização das pessoas, levantar esses artistas para eles poderem se apresentar para o alto público, em lugares como Aracy Balabanian", concluiu João.

Para quem se interessou ou quer mostrar o trabalho em parceria com os rapazes, o contato é possível pela página do Facebook, comentando no canal e até mesmo no Instagram. Veja o primeiro vídeo: