Em 11 de outubro de 1977, a divisão de Mato Grosso (MT) deu origem a dois estados distintos: MT e Mato Grosso do Sul (MS). Quase 50 anos depois, apesar da separação política, as fronteiras não conseguiram apagar os laços culturais que unem essas regiões. Mas também é possível perceber diferenças marcantes que definem a identidade de cada um.
Mesmo separados no mapa, MT e MS compartilham muito do que constrói a alma do Centro-Oeste. As danças tradicionais, como siriri e cururu, seguem vivas em ambos os estados, embaladas pelos instrumentos típicos, viola de cocho, ganzá e mocho, e pelas rodas de música que atravessam gerações.
Além disso, a presença indígena e as tradições pantaneiras marcam ambos os estados, reforçando uma identidade que vai além das fronteiras políticas. A influência das fronteiras com Paraguai e Bolívia também contribui para a pluralidade cultural e linguística em MS e MT.
Na gastronomia, o pequi, o tereré e o churrasco pantaneiro são símbolos de uma herança comum. “As diferenças existem, mas a música, o sotaque e o jeito do povo mostram que somos parte de uma mesma cultura”, diz entrevistada que morou no estado antes da divisão.
(Foto: Agência de Noticias do Governo de MS)
Existem pessoas que como a jovem de 26 anos, Ana Carolline Krasnievicz, acredita que nada mais une Mato Grosso a Mato Grosso do Sul, apenas o nome.
As cidades também refletem essas diferenças: MT possui municípios mais extensos em área, mas menos densamente povoados, enquanto MS apresenta cidades mais urbanizadas e com maior concentração populacional, especialmente em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.
A música também evidencia essas nuances: o rasqueado e o chamamé são mais presentes em MS, enquanto MT preserva tradições amazônicas em suas festas e rituais culturais. Na culinária, apesar de ambos compartilharem pequi e tereré, pratos e ingredientes típicos variam conforme a região e a influência indígena e fronteiriça.
Segundo morador de Campo Grande, Wilson Neves, apesar das diferenças existem um fio que une eternamente os dois estados. “O que une os dois estados é mais do que o passado político. É a forma como continuamos reconhecendo costumes, danças, comidas e o jeito de viver. Mas o que separa é o território, o clima e algumas tradições locais que marcaram a história de cada um”.
O que se percebe é que Mato Grosso e Mato Grosso do Sul compartilham raízes, mas também construíram identidades próprias. A divisão política permitiu que cada estado investisse em seu desenvolvimento e preservasse particularidades culturais, mas jamais apagou os laços que a história e a cultura já haviam criado.
Quase cinco décadas depois, MT e MS mostram que fronteiras políticas não definem a cultura, mas ajudam a moldar identidades diferentes. Enquanto uma parte da população segue conectada por tradições comuns, outra valoriza as particularidades de seu território, de sua música e de sua culinária.










