Cinco alunas da Escola Municipal Doutor Eduardo Olímpio Machado, em Campo Grande, conquistaram bolsas de estudo na renomada escola de dança Selma Azambuja. O feito é resultado do projeto de dança desenvolvido pela professora Sarah Lima, que há dez anos conduz aulas de balé e jazz na instituição.
Formada em Educação Física pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Sarah começou a dar aulas na escola com o projeto de dança, através do DEAC (Divisão de Arte e Cultura), da Reme (Rede Municipal de Ensino), que oferece para os alunos projetos extracurriculares durante o contraturno escolar. O projeto acontece desde 2015.
A iniciativa tem sido fundamental para a formação artística de centenas de estudantes. "Ao longo desses dez anos, tivemos várias alunas passando pela escola. A instituição sempre optou por oferecer balé e jazz, então são essas as modalidades que ensino", conta.
A vontade de proporcionar novas oportunidades para as alunas motivou Sarah a buscar parcerias com escolas de dança particulares. "Desde 2019, eu queria que as alunas com potencial, que realmente tivessem perfil para o balé, pudessem frequentar estúdios que oferecessem um conhecimento técnico mais avançado e estrutura para que elas pudessem evoluir", destaca.
Em 2019, o grupo participou de uma amostra de dança promovida pela Uniderp e conquistou o segundo e o terceiro lugar nas categorias ballet e jazz, respectivamente. Para Sarah, foi uma grande vitória, pois estavam concorrendo com escolas particulares que contavam com melhor estrutura e alunos que treinavam desde cedo em ambientes preparados para a dança.
"Foi a primeira vez que competimos e conquistamos o segundo lugar na categoria balé e o terceiro lugar no jazz. Concorríamos com escolas particulares, que tinham estrutura, alunos que estudavam balé desde cedo. Nós, da escola pública, sem sala com barra e espelho, conseguimos esse resultado. Foi uma valorização do nosso trabalho", diz orgulhosa.
Com a pandemia, o projeto foi interrompido, mas retornou em 2022 com ainda mais força. "A DEAC ampliou a carga horária dos projetos de quatro para oito horas semanais, o que permitiu atender mais alunas e estruturar as turmas por níveis de aprendizado", explica a professora.
Com isso, foi possível organizar as alunas em diferentes níveis de aprendizado: iniciante, intermediário e intermediário 2, tornando o desenvolvimento mais estruturado e eficiente. O número de alunas também pôde ser aumentado. Atualmente, o projeto de ballet e jazz atende cerca de 120 alunas, distribuídas em três turmas de ballet (iniciante, intermediário e intermediário 2) e duas de jazz (iniciante e intermediário).
Sarah destaca o envolvimento das famílias como um fator essencial para o sucesso do projeto. "Os pais e mães são parceiros. Fazemos rifas todo ano para conseguir os figurinos para a apresentação anual no teatro. Às vezes, precisamos de ajuda com adereços, e eles sempre estão dispostos a contribuir", enfatiza.
Além disso, o projeto está entro os mais concorridos da escola. "As alunas não desistem, e todo ano temos poucas vagas para iniciantes, pois a taxa de desistência é extremamente baixa".
Além das aulas regulares, o grupo frequentemente é convidado para participar de eventos e cerimônias organizadas pela Semed (Secretaria Municipal de Educação) e outras instituições, como abertura de jogos e inaugurações. Segundo Sarah, os convites frequentes é mais um reconhecimento da importância do projeto e da qualidade do trabalho desenvolvido.
As alunas também participam anualmente do Festival de Arte e Cultura, organizado pela Semed. "A Semed oferece esse momento de brilhar para os alunos de todas as expressões artísticas, seja dança, desenho, artesanato, escultura. No Teatro Glauce Rocha, elas vivem a experiência de estar no palco", conta.
Conquista da bolsa em escola referência em dança
Em 2024, o esforço e dedicação foram recompensados: cinco alunas do projeto foram contempladas com bolsas integrais no Espaço de Dança Selma Azambuja. A conquista é uma grande oportunidade para que as alunas continuem evoluindo, declara Sarah.
"Essas meninas estão comigo desde a educação infantil. Agora, no ensino fundamental 2, eu percebi que não tinha mais suporte para fazer com que evoluíssem. Então busquei contato com duas escolas de dança. Elas foram avaliadas e passaram nas duas, mas optaram pela Selma, onde receberam bolsa integral, sem custo de matrícula ou mensalidade", conta a professora, emocionada.
Ela ressalta a importância do trabalho social desenvolvido pela Selma Azambuja. "Faz anos que tento uma bolsa lá. A Selma tem um projeto para meninos bailarinos e também oportuniza meninas talentosas que não têm condições financeiras. Ela aceitou avaliar minhas alunas, viu o potencial delas e ofereceu a bolsa. Isso é uma vitória".
Para Sarah, a oportunidade permite que as alunas continuem evoluindo, já que não possui estrutura para dar aulas m um nível mais avançado. "A gente não chega ao avançado porque não temos estrutura para isso, mas ver essas meninas saindo da escola pública para uma das melhores escolas de dança do estado é gratificante", afirma.
Apesar disso, o projeto segue crescendo e sendo reconhecido. "Somos constantemente convidadas para abrir eventos, jogos, inaugurações. Isso reforça que nosso trabalho está sendo valorizado", finaliza Sarah, orgulhosa das conquistas das alunas.