A cultura de MS perdeu, somente em 2022, grandes nomes da "Era de Ouro" nos deixaram rumo à eternidade, como o cantor Amambaí, da dupla com Amambai, Elinho do Bandoneon, a querida Delinha, a nossa Dama do Rasqueado e, mais recentemente, Chico Lacerda, um dos fundadores do Grupo Acaba.
Para a cantora, compositora, musicista, escritora e poetisa Lenilde Ramos, é praticamente um hábito as pessoas dizerem "uma grande perda" quando se referem ao falecimento de uma personalidade pública. "Nessas horas prefiro usar os termos contribuição e herança. Isso me faz pensar um pouco além da morte física e em tudo que a pessoa fez pela arte e pela cultura, mesmo que não tenha sido com a intenção de construir um legado", pontua.
Ela ainda aponta que tudo o que essas personalidades tão queridas do público queriam era, apenas, fazer sua arte. "Penso que artistas de peso que nos deixaram queriam, mesmo, era compor, tocar e cantar, seguindo uma força maior que os fez enfrentar uma vida tão sacrificada. E, com todos os obstáculos, eles foram fiéis a essa vocação até o fim. A herança deles está aí. Agora, a responsabilidade é nossa, de receber esse legado precioso e mantê-lo vivo", explica.
Geraldo Espíndola, outro dos grandes do estado, afirma que acredita faltar valorização do Estado perante esses artistas que passaram por aqui, mas acredita que ainda assim, há caminhos. "A música regional, eu espero que vá em frente, como tem ido, como tem acontecido. Por exemplo, eu acabei de fazer um projeto chamado 'Nossa Escola Canta' no Estado, foi maravilhoso o retorno desses meninos, dessas crianças, professores, professoras, coordenadores, coordenadoras, prefeitos, foi muito bacana. Eu vou continuar na estrada e espero que todos continuem fazendo o seu trabalho'.
Para Espíndola, "o legado que esse nosso povo que passou e foi é essa estrada aberta dentro do tempo, para que a gente consiga passar a esperança de coisas boas, de um mundo melhor por tudo quanto é lugar desse planeta", conclui.
Gravado na memória
João Paulo Pompeu, filho de Delinha, comentou que o legado desses artistas estão gravados na memória popular.
"O artista não morre, as obras dele ficam eternizadas através das canções. O legado que os meus pais deixaram através da música foi sempre o que eu falei: Délio e Delinha, em vida, não ficaram milionários com a música, mas eles ficaram muito mais milionários com o carinho das pessoas com eles. Eu como músico que sou, tenho poucas composições, mas gostaria de deixar uma música minha eternizada para outras gerações, como vão ficar as músicas dos meus pais. As músicas deles vão atravessar gerações", finaliza.