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04/11/2014 08:00

Unindo divã e gosto por leitura, escritora lança livro de crônicas psicanaliterárias

Baseada no inconsciente

Tardia, mas inquieta. É como pode ser descrita a vida literária da psicanalista Isloany Machado, 30 anos. A apreciação pela leitura vem desde que aprendeu o bê-á-bá, mas o início da escrita literária veio apenas aos 27 anos. Em menos de três anos de atuação, a escritora lança seu segundo livro, 'Em defesa dos avessos humanos: crônicas psicanaliterárias', e guarda outros dois na gaveta, ainda sem previsão de lançamento.


Atendendo tanta gente, chegamos a pensar que quem nos trata nunca fica doente. O que motivou Isloany a começar a escrever pode levar a refletir um pouco sobre isto. Natural da cidade de Sorriso (MT), a psicanalista veio para Campo Grande aos 17 anos para ingressar no curso de psicologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e, deste então, não foi mais embora. Tanto tempo longe da família não foi o suficiente para não deixá-la abalada com a morte de um primo, ocorrida dez anos depois da mudança. "Foi difícil aceitar a forma como aconteceu tudo. A família ficou muito revoltada e eu não pude ir para lá. Foi uma dor muito grande e aí eu comecei a escrever", relembra.


Psicanalista se tornou escritora aos 27 anos. (Foto: Deivid Correia)

(Foto: Deivid Correia)


Na época, Isloany lia o livro 'Água-Viva', de Clarisse Lispector. A escritora, nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, foi à escolhida para o desabafo tão íntimo da psicanalista sul-mato-grossense. "O livro tem esse nome, justamente, porque ela fala que a vida queima como água-viva. E este primeiro texto que escrevi era uma carta para ela", relembra.


Pouco tempo depois, a ficção também serviu para homenagear o pai pelos anos de vida. Percebendo o dom para a coisa, o marido de Isloany sugeriu que ela criasse um blog para publicar seus textos. O ‘Costurando Palavras’ motivou a psicanalista a adquirir uma regularidade na escrita. “Comecei a postar toda a semana. Então vieram muitas ideias. Separei em textos de psicanálise e em o que eu achava que era literatura, porque nunca imaginei que fosse escrever”, afirma.


Com a prática rotineira, veio à empolgação que levou Isloany a se inscrever na edição de 2012 do Concurso de Contos Ulisses Serra, promovido pela Academia Sul-mato-grossense de Letras. A vitória era o que faltava para lhe consumar escritora. Os escritos acumulados no blog já podiam se tornar seu primeiro livro. Batizado com o mesmo nome da página, a publicação já está em sua terceira edição.


Mas a referência explícita a psicanálise veio apenas o segundo livro. Com textos mais antigos da autora, a publicação deixa as influências à mostra desde o título. ‘Em defesa dos avessos humanos: crônicas psicanaliterárias', a formação de Isloany é o mote para explicar a linha que seguiu nos escritos. “Costumo dizer que a psicanálise é pelo avesso. (Sigmund) Freud e (Jacques) Lacan falam disto. É como se o inconsciente fosse o avesso das coisas. Pensei em alguma coisa que tinha a ver com isto e minha formação em Direitos Humanos”.


Psicanalista se tornou escritora aos 27 anos. (Foto: Deivid Correia)

(Foto: Deivid Correia)


Desvendando o título, o público pode supor um escrito intensificado em conceitos psicanalistas, mas a escrita traz a leveza indispensável a qualquer ficção. “São crônicas que tem alguma pincelada da psicanálise, mas ele não é um livro técnico”, garante a autora.


Apesar de brincar com alguns termos específicos, o que leva seus textos a serem utilizados em sala de aula, a experiência como psicóloga acaba lhe trazendo histórias profundas que inspiram a temática dos contos. “A visão de mundo que eu tenho a partir da psicanálise me ajuda a escrever. Ela é uma teoria muito bonita. E a clínica mais ainda, porque eu escuto muitas histórias aqui. De sofrimento, de amor e desamor e tudo o que você pode imaginar”, afirma.


Confira dois dos textos escritos por Isloany Machado:


ORAÇÃO DO OBSESSIVO


Ó senhor das causas impossíveis,

Bendita seja nossa neurose.

Não nos deixe realizar nosso desejo,

Nem agora e nem nunca na vida.

Não nos deixe contrair dívidas,

E faz com que nunca perdoemos àqueles que nos devem.

Olhai por nós, procrastinadores,

“Portadores” do falo,

E livrai-nos dos ratos,

Amém.

PRECE A SANTA HISTERIA


Santa Histeria, que nos estrutura,

Bendito seja o nosso sintoma

Deixe advir o nosso desejo.

Seja feita a nossa vontade, mesmo que não seja bem aquilo que queremos.

Não nos deixe cair na fogueira, no manicômio e no lítio.

Santa Histeria, mãe do feminino,

Olhai por nós, conversoras,

Que encarnamos a falta,

E livrai-nos da Outra,

Amém.


Isloany Machado, 05 de fevereiro de 2013.


Serviço – O lançamento do livro será dia 22 de novembro, no Fran’s Café (Rua Marechal Rondon, 2453 - Centro, Campo Grande - MS, 79002-201), às 19h. Haverá um bate-papo sobre literatura contemporânea com a presença do Professor Flávio Adriano (UFMS) e a Psicanalista Andréa Brunetto.

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