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VÍDEO: mãe encara desafio de Dia das Mães no meio de pandemia

"Tiraram ela e colocaram bochechinha com bochechinha, tão quentinha, penso que nunca vou esquecer daquele calorzinho”

10 maio 2020 - 09h30Por Nathalia Pelzl

Ser mãe é um mix de sentimento e muitas vezes padecer do ‘paraíso’, assim descreve a funcionária pública Camila Tomoko Reis Kassavara, 39 anos, no seu primeiro Dia das Mães em um cenário de pandemia. Ela e o companheiro estão juntos há 11 anos e casados há 9.

Em conversa com o TopMídianews, ela contou que ter filhos já não estava nos planos do casal, mas, eis que a princesa Athena ‘chegou chegando’.

“Quando a gente casou queria curtir, ai curtimos bastante a vida a dois, ai decidimos engravidar, tentamos por um ano, um ano e meia não vinha, começamos a pesquisar,  fazer os exames, ver o porquê não engravidava, eu e ele não tínhamos nada”.

“Acabamos desistindo, bateu tudo, idade, diabetes, decidimos por vários motivos de que seria melhor não ter. Até um belo dia, depois de um começo de ano turbulento, minha menstruação atrasou, sou um reloginho, na hora falei: estou grávida. Sem medo do perigo, meu marido pegou e falou que estava na menopausa”, lembra a funcionária pública aos risos.

Camila conta que o atraso na menstruação durou uma semana, quando ela decidiu em um belo domingo ir à farmácia.

“Era um domingo amanheci na porta da farmácia, ele me ligou e perguntou o que estava fazendo, ele falou que estava gastando dinheiro à toa, comprei o teste e fiz, nem esperei dar os cinco minutos. Comecei a chorar copiosamente, ele começou a rir, falou que era uma notícia boa, falei que não estava triste, e sim desesperada”, risos.

Além do medo devido a diabetes, Camila estava com algumas complicações de saúde e com um processo de ‘não morte’.

“Estava com um plano de não morte, estava com uma gordura no fígado, havia decidido voltar terapia, começar dieta, mudança de vida, ai de repente me vi grávida sem preparo, ai meu plano não morte virou pré-natal”.

VEJA:

Romantização excessiva

Como não era algo esperando e também diante dos riscos, Camila e o marido optaram por contar apenas para amigos e familiares próximos.  

“Decidimos contar para os familiares mais próximos só, aí todo mundo questionava: ah, você já ama: não, eu não amava, é complicado esse processo de aceitação”, reflete. “Quem fala que já ama é diferente de mim, a terapia me ajudou a me preparar pra isso”.

Na visão de Camila, existe uma romanização exagerada de que tudo é lindo e perfeito na descoberta e já na maternidade real.

“Durante a gravidez a diabetes agravou, tive que usar insulina desde o primeiro mês, tive sangramento, penso que nunca tive tanto medo na minha vida, aí decide trocar de médico, melhor escolha da vida, doutor Manoel é o melhor”, elogia.

Justamente para preservar a saúde dela e também da filha, a mãe teve que ficar em casa. “Cumpri quarentena desde o segundo mês, não fiz enxoval igual todo mundo. Era difícil sair com tudo, fomos muito abençoados, ganhei praticamente tudo, ajudo de todas. Montei o quarto do jeito que queria, foi bem legal”.

Nascimento no ano bissexto, e agora?

“Não queria de jeito nenhum, muita zueira. Aí marcamos e o doutor falou que a partir do dia 28 podia nascer, marcamos para 19h da noite da sexta”.

No dia do nascimento, segundo Camila, as dores foram constantes, mas mesmo assim ela não deixou de fazer as correrias, como levar o irmão da Athena, o dog ‘Bilbo’ para tomar banho e assim esperar a ‘irmã’ e deixar o último atestado no serviço.

Melhor sensação

Athena nasceu exatamente no dia previsto e não podia ser diferente. O médico afirmou que a pequena estava em posição para vir ao mundo, conforme conta a mãe.

Doutor falou que estava em trabalho do parto, foi a melhor sensação quando tiraram ela e colocaram bochechinha com bochechinha, tão quentinha, penso que nunca vou esquecer daquele calorzinho”.

Como estava anestesiada, essa é a única coisa que Camila Lembra.

Explosão covid-19

Athena foi esperada e desejada não só pelos pais, mas também pelos avós, tios, madrinha, amigos e quando nasceu, encontrou um mundo bem diferente e que possivelmente nunca mais será o mesmo.

“Pós parto excelente, mas daí explodiu o coronavírus. O que era pra ser lindo, ter ajuda de um monte de gente não rolou, aí está sendo muito complicado, tenho altos e baixos por conta do puerpério, me pego triste, me pego chorando. É muito triste pensar que a minha mãe, por exemplo, não está podendo acompanhar o crescimento da Athena, madrinha, padrinho, minha melhor amiga, isso me deixa muito triste, parei a terapia, até o pai está tendo dificuldades para lidar”, desabafa.

“Ela fica 24h por dia comigo, digo uma coisa se a gente sair casado dessa pandemia no puerpério não separa nunca mais, é tudo ilusão essa romantização de que tudo é fácil, não é lindo, a adaptação é horrível, mas você olha, quando ela aprendeu a rir, eu fiquei igual boba, cada roupinha. É uma alegria e desespero, a primeira crise de cólica eu quase chorei com ela”.

Comemoração

A mamãe de primeira viagem estava preparada para uma mega festa, já que na quinta-feira, também completou mais um ano de vida, no entanto, para evitar os riscos de contágio na família, vai ser algo reservado e com muitos encontros virtuais.

Era pra ser um festão, meu aniversário compramos um bolo e comemos nós dois, para quebrar a vontade que passei a gravidez inteira, vai ser quatro, eu, ela, o pai e a avó paterna e o ‘Bilbo’. Imaginava que poderia ir na minha mãe, presentes, fotos, mas vai ser todo mundo EAD”.