O motorista de aplicativo Mauro Apparecido Mori Netto, 47 anos, sofre com diversos problemas em razão de ficar tetraplégico em acidente em um parque aquático, na saída para Três Lagoas, em Campo Grande. De tanto ficar na cama e sem tratamento adequado, desenvolveu escaras [feridas] no corpo, que estão em fase de apodrecimento.
Ele e a esposa Juliana Silva Moris, 40 anos, detalharam o sofrimento vivido dia após dia desde o fatídico 19 de janeiro de 2020. Apesar de receber pensão vitalícia da empresa onde o acidente ocorreu, não houve nenhuma ajuda no tratamento e, enquanto isso, a dor – física e emocional – é do paciente.
''Só não chegou na fase de coró ainda'', desabafou o paciente sobre a piora nas feridas da pele.
Mauro reforça que sua condição é de tetraplegia, que exige cuidados, procedimentos e equipamentos específicos. Ele teme que as cavidades evoluam para um câncer e acrescenta que ferida aberta é uma ''porta'' para infecções.
Mauro sofre com escara aberta e teme pela vida (Foto: Repórter Top)
O paciente destaca que existe o Home Care e empresas que fornecem cama de elevação, permitindo aumentar a circulação do sangue, mas ainda não é possível pagar por isso. O processo judicial está em fase de recurso, por isso o acamado ainda não recebeu as indenizações devidas. Na rede social, ele exibe quais seriam os equipamentos ideais para o tratamento dele e expões todo o drama vivido com a tetraplegia.
Difícil
Esposa com o marido doente vivenciam outro drama e lutam para conseguir uma cuidadora. Ela sai para trabalhar e, até o retorno, Mauro fica sem a troca de fraldas, o que lhe rende problemas também.
''Se eu bobear, perco um rim'', lamentou e enfatizou sobre os cuidados que necessita.
Fraldas
Com recursos escassos, a família pega fraldas com o poder público, mas as entregas são irregulares.
''Só de fralda vai ser mil reais. É a geriátrica, que vem com 24 unidades. Gasto em média oito por dia e agora muito mais por causa da escara'', desabafou novamente.
Compaixão
O paciente lamenta que, durante os cinco anos de processo, a empresa nunca ofereceu qualquer tipo de ajuda material ou mesmo atenção. Os apelos para custear as fraldas foram negados.
Mauro e a esposa pedem ajuda para amenizar o sofrimento. A chave PIX é o CPF: 838.210. 741 91.
Piscina onde Mauro sofreu acidente no pescoço (Foto: Repórter Top)
Acidente
Segundo o processo, Mauro foi descer em um toboágua do parque e diz que não havia monitores que fazem o controle de quem desce – na largada e nem no destino, que é a piscina. Ele se desequilibrou ao tentar desviar de outros banhistas e bateu a cabeça, resultando em uma fratura no pescoço.
Ainda segundo o paciente, também não havia guarda-vidas nem outro tipo de profissional especializado, muito menos materiais adequados como prancha ou protetor cervical. Foi dito que o manuseio incorreto dele após o acidente é que agravou o quadro de saúde e pode ter até causado a tetraplegia.
O atendimento pós-queda foi confuso e atrapalhado, garante a vítima.
Ele citou episódio que um dos portões foi trancado e houve demora para achar a chave e liberar a saída da ambulância dos Bombeiros. O motorista citou pouco caso e comentou sobre funcionários preocupados com a presença de sangue na piscina, que estaria prejudicando outros banhistas.
A empresa alegou que a culpa foi do cliente, que teria descido de barriga para baixo. A defesa de Mauro rebateu e trouxe fotos do próprio parque provando que a prática era permitida.
O advogado do motorista, Eduardo Barbosa, 62 anos, disse que houve vitória do cliente na primeira e segunda instância da Justiça. No entanto, o parque apresentou recursos diversos, inclusive às cortes superiores. Sendo assim, ainda não há previsão de recebimento das indenizações.
Acionamos o parque por meio de dois contatos. As mensagens foram lidas e seriam repassadas para a diretora, mas até o momento não respondidas. O espaço segue aberto.