Após anos de agressões, ameaças e perseguições, uma mulher de 26 anos, vítima de violência doméstica em Campo Grande, viu a Justiça agir e impor o uso de tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar por seis meses ao ex-companheiro, de 31 anos. Segundo ela, a resposta veio depois de 16 boletins de ocorrência, medidas protetivas e denúncias de episódios presenciados pelos dois filhos do casal, de 1 e 3 anos.
“Ele tentou me matar e eu reagi para me defender. O juiz reconheceu que foi legítima defesa e determinou a tornozeleira e a prisão domiciliar. Depois de seis meses, haverá uma nova audiência para decidir se ele será preso”, contou a vítima ao TopMídiaNews.
A jovem afirma que os filhos presenciaram inúmeras cenas de violência ao longo dos seis anos de relacionamento. “Meu filho mais velho já me viu ser enforcada, apanhar e até ser ameaçada com uma tesoura no pescoço. Foram anos de pesadelo e agora só quero paz”, desabafa.
O episódio mais recente ocorreu em 16 de setembro, na Vila Carvalho, quando a mulher disse ter sido agredida com soco no olho e chute na perna após uma discussão sobre o volume da televisão. O homem também teria quebrado o celular dela, impedindo que acionasse a polícia. Mesmo com medida protetiva vigente, a vítima relata que ele continuava a persegui-la e enviava mensagens ameaçadoras.
“Ele mandava mensagens para mim e para meus familiares, perguntando onde eu estava, me ofendendo, me intimidando. Tive que fugir de casa com medo”, relatou.
Após a última agressão, a mulher conseguiu deixar a casa com o filho caçula, mas o mais velho permaneceu com o pai. Ela agora luta pela guarda unilateral das crianças, alegando que o primogênito também era alvo de agressões.
Versão negada pelo ex
O homem nega as acusações e afirma que o relacionamento foi marcado por brigas mútuas, reconciliações e tentativas de manter a união pelos filhos. Em entrevistas anteriores ao TopMídiaNews, ele apresentou prints de conversas que, segundo ele, comprovariam pedidos da ex para reatar.
“Ela sempre usa nossos filhos como argumento para que eu volte. Mesmo depois de tudo que aconteceu, ainda assim dei chances por causa deles”, afirmou.
Ele também declarou já ter sido vítima de agressão dentro da relação e disse que um dos boletins de ocorrência foi feito por ele após ter sido atingido por uma garrafa no antebraço.
“Não tenho nada mais a declarar sobre. Trata-se de uma situação particular que será resolvida exclusivamente na Justiça”, pontua o homem.
Mesmo sob proteção e com o ex monitorado, a mulher afirma que ainda vive com medo, mas diz sentir alívio pela resposta da Justiça. “Foram anos de agressões e desespero. Agora, espero que ele cumpra o que foi determinado e que finalmente eu possa reconstruir minha vida. Quero criar meus filhos em paz, sem violência”, diz.
Procurado novamente para comentar as novas denúncias, ele preferiu não se manifestar. "Não tenho nada mais a acrescentar nem declarar a respeito dessas mentiras caluniosas e difamatórias dessa mulher. Trata-se de uma situação particular que será resolvida exclusivamente na Justiça".
O processo segue em andamento e, após o cumprimento dos seis meses de prisão domiciliar, a Justiça decidirá se o acusado será encaminhado ao presídio.









