Dois assassinatos de jovens envolvidos com crimes, em menos de 24 horas, na Vila Nhanhá, em Campo Grande, reacenderam uma polêmica: é correto chorar por quem fez mal ao próximo? Parentes e amigos dos mortos encheram as redes sociais com homenagens.
A discussão veio à tona, sobretudo com a morte de Pedro Henrique Ferreira da Silva, 20 anos, na noite de segunda-feira (6). Ele estava na rua Louzinha, quando o garupa de uma moto se aproximou e teria descarregado duas pistolas na vítima. Pedro chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
Foram dezenas de lamentos pela morte do garoto. Um amigo diz que ele era ''um moleque bom'' que teve o futuro interrompido.
Outro disse que a morte dele ''não iria ficar assim não'' e ''por você dou minha vida''.
Pedro Henrique tinha diversas tatuagens, que no mundo do crime simbolizam a morte de policiais. Ele seria filho de uma pastora e esta seria a segunda perda de um filho da religiosa.
Um rapaz manifestou a dor de perder um amigo e escreveu no Facebook: ''ele está em um lugar melhor''. Outro membro da rede questionou: ''lugar melhor?''.
Em outra postagem de pesar pela morte de ''Pedrinho'', uma internauta se irritou ao ouvir críticas em relação ao amigo falecido.
''Respeita a dor do próximo. Mesmo tendo feito coisas erradas, tem mãe que está sofrendo muito. Se não tem o que falar, guarde as críticas só pra você. Respeita a família'', desabafou uma mulher.
Na mesma postagem, um internauta reclamou que quem ''riu'' daqueles que estavam dando adeus a Pedrinho.
''Quem riu não sabe ser humano, não imagina a dor do próximo, porque mesmo que tenha errado, estava pagando o que devia ...'', escreveu um rapaz.
Ele ainda acrescentou que, quem critica, nunca ajudou o amigo quando estava vivo e não conhece as dificuldades pelas quais todos passam.
Mãe de João Vitor ouviu internautas celebrando a morte do filho. (Reprodução Facebook)
João Vitor
Das várias pessoas que homenagearam Pedrinho, uma é a mãe de João Vitor Rodrigues da Silva, morto pela polícia, aos 20 anos, em setembro de 2021. Ele se envolveu no roubo e sequestro da esposa de um comerciante de obras de arte.
À época da morte do filho, a mulher também foi criticada no ''tribunal das redes sociais'' e ouviu que o filho era um criminoso e que ''bandido bom é bandido morto''.
Ainda em 2021, a mulher rebateu as críticas: ''vão orar e cuidar mais dos seus filhos...''. Pedrinho era amigo de infância de João Vitor.
Ambos os crimes são investigados pela Polícia Civil.