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Campo Grande

Condenada a pagar R$ 10 mil para médico, empregada doméstica se desespera em Campo Grande

Ela afirma que recebe R$ 1 mil com os trabalhos que realiza e vai procurar ajuda de um defensor público

03 maio 2019 - 09h30Por Dany Nascimento

A empregada doméstica Vera Lúcia Lopes, 49 anos, que foi condenada a pagar R$ 10 mil para um médico após postar uma foto em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), em Campo Grande, afirma que não sabe o que vai fazer para pagar a dívida, já que recebe um salário de R$ 1 mil destinado ao sustento da família.

Ela concedeu uma entrevista para o site Uol, alegando que tentou explicar a situação financeira para a juíza Edi de Fátima Dalla Porta Franco e mesmo assim, foi condenada a um valor que não possui. "Acho que é injusto esse valor de R$ 10 mil. No dia em que eu fui ao tribunal, expliquei para juíza. Ela não falou nada, nem pediu minha carteira profissional para ver quanto eu ganho. Mandaram eu tirar a publicação do ar, e eu tirei. Agora, um médico pedir indenização de uma empregada doméstica? Eles poderiam mandar alguém na minha casa, ver minha situação. Ganho R$ 1.000 por mês”.

Vera afirma que não tem dinheiro para contratar serviços advocatícios e vai procurar um defensor público para recorrer da decisão. A empregada mora com o filho de 21 anos, que trabalha como segurança. Ela contou ainda, que a sobrinha tirou a foto. "Mas quem fotografou foi minha sobrinha, que tem um problema na vesícula. Depois que ela foi atendida, ficou esperando mais uma hora para conseguir autorização para ser internada no Hospital Universitário”.   

De acordo com Uol, a mulher foi condenada no mês passado por postar no Facebook uma foto com uma ironia a dois médicos que conversavam enquanto sua sobrinha, depois de atendida, aguardava para ser internada. "Vera Lúcia Lopes está se sentido exausta em UPA Leblon", dizia a reação que marcava a página do posto de saúde na rede social e exibia a foto de uma paciente acamada e de dois médicos conversando. "Por isso que as UPAs não funcionam. Enquanto os pacientes padecem, os médicos ficam batendo papo", escreveu.

Ao tomar conhecimento da publicação, um dos médicos acionou a justiça e disse que conversava com a médica para tirar dúvida do caso de um paciente internado no local.  "O conteúdo extrapolou de modo grave e reprovável o direito de livre manifestação do pensamento". "Fixo em R$ 10.000,00 (dez mil reais) para compensá-lo dos danos morais (...), inclusive para desestimular a ré a reiterar a prática desse ato ilícito”, diz a decisão.