Assim como a bebê encontrada morta nesta segunda-feira (29), no berço em que dormia, em uma residência no Jardim Colúmbia, em Campo Grande, Yollanda Arruda Pacheco partiu aos três meses, enquanto dormia com a mãe na mesma cama. A perda foi há quase oito anos, mas a dor do luto ainda persiste na alma da mãe que teve a filha por tão pouco tempo nos braços.
Não há mãe que não chore ao ver outra sofrendo com a despedida tão precoce dos filhos. E o último caso noticiado do bebê encontrado morto no berço, com a cabeça presa entre o colchão e a grade, só reavivou na memória de Glauciele Lopes Pacheco sobre o que viveu em outubro de 2014.
Yollanda faleceu na madrugada do dia 27 de outubro daquele ano, na própria residência, localizada na Avenida Prefeito Ludio Martins Coelho, no Jardim Tijuca. A menina dormia na cama da mãe, quando broncoaspirou o leite materno, parando no pulmão e ocasionando a morte.
A mãe, na época, tinha apenas 28 anos e passou pela pior dor da vida. Em estado de choque e bastante abalada, ela sofreu carregando a culpa.
"É uma dor que não desejo pra ninguém. Sinto na pele o que essa mãe está sofrendo, passa um filme na cabeça", diz Glauciele.
Na época, a mãe precisou depor por várias vezes, para provar que não teve culpa na morte da filha. Os traumas resultaram em uma forte depressão. "Não conseguia ser forte, muita gente me julgando, foi traumatizante, só consegui provar minha inocência com a certidão de óbito", lembra.
A mãe, que até hoje guarda as lembranças da filha, lembra que, tanto dormir com a criança na cama ou deixá-las no berço, são situações sujeitas a acidentes e reforça que nenhuma mãe deve ser julgada em um momento tão doloroso da vida.
"É um momento que a família toda fica abalada, é algo extremamente difícil, que eu não desejo pra ninguém", comenta.
Hoje, se Yollanda estivesse viva, estaria com oito anos. Mesmo com o passar do tempo, a mãe não se desfaz das lembranças da filha e sabe que, apesar do curto tempo, viveram os melhores momentos juntas.
"Ela nasceu com três dentinhos, guardamos, ainda temos sapato, fotos, lembranças. Na minha memória ainda está o seu cheiro, o seu sorriso, os olhos verde esmeralda. Passamos pouco tempo juntas, mas foram intensos", lembra.