A Sala Sensorial da UPA Universitário, anunciada pela Prefeitura de Campo Grande em novembro do ano passado como a primeira do tipo no país, não está mais em funcionamento. A denúncia foi feita por uma mãe atípica, que relatou à reportagem que o espaço voltado ao acolhimento de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e outras deficiências ocultas simplesmente desapareceu.
"Sou mãe atípica. Vocês anunciaram que a prefeitura fez uma sala sensorial para autistas na UPA Universitário, sendo a primeira do país. Gostaria de denunciar que foi só para tirar foto, pois a sala não existe mais", disse a denunciante, que preferiu não ser identificada. "Tudo muito bonito para tirar foto, mas para nossa tristeza, para nós mães atípicas, essa sala não existe", lamentou.
Segundo outras denúncias, a sala está sempre fechada, não podendo ser utilizada por quem precisa. A ausência do espaço aos pacientes poucos meses depois da inauguração levantou suspeitas sobre a continuidade do projeto.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para saber o que aconteceu com o espaço e se ele realmente foi desativado. Em resposta, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que o local segue em funcionamento.
"A Sesau informa que a sala sensorial da UPA Universitário permanece em funcionamento, com fluxo de atendimento priorizado para pacientes com TEA. O espaço foi estruturado com o objetivo de oferecer um ambiente acolhedor e adaptado às necessidades sensoriais dos usuários, contribuindo para a qualificação do atendimento em situações de urgência e emergência. Destaca-se que, ao longo do ano de 2024, a Sesau promoveu capacitações voltadas ao atendimento de pessoas com TEA para todos os profissionais da Rede Municipal de Saúde", respondeu.
Inaugurada com destaque, projeto foi divulgado como modelo
A inauguração da sala sensorial foi anunciada no dia 22 de novembro passado. Localizada na UPA Universitário, a estrutura fazia parte do programa municipal "TEAcolher" e foi apresentada como uma iniciativa inédita no Brasil, voltada para garantir um atendimento humanizado a pessoas com autismo e outras condições neurodivergentes.
Na época, a médica e designer responsável pela sala, Fernanda Daniela, explicou que o ambiente havia sido projetado com base em princípios de neuroarquitetura. O espaço tinha brinquedos pedagógicos e terapêuticos feitos de materiais naturais, móveis seguros e iluminação suave. A proposta era permitir que pacientes com TEA fossem acolhidos durante os processos de identificação, triagem e priorização da unidade de saúde, em um ambiente sensorialmente adequado.
Além disso, os profissionais da unidade haviam passado por capacitação específica para atendimento à população neurodivergente. A prefeitura chegou a anunciar que o projeto seria ampliado para outras unidades de saúde da cidade, como as PAI/CRS Tiradentes e Coronel Antonino, com meta de implementação nas 10 UPAs e CRSs, e, futuramente, nas 74 Unidades de Saúde da Família de Campo Grande.