A 1° sargento Betânia Kelly Rodrigues da Silva, da Polícia Militar, utilizou as redes sociais na terça-feira (10) para criticar as matérias que estão sendo veiculadas pela imprensa sul-mato-grossense, que denominam os manifestantes em atos antidemocráticos como golpistas e até ameaças os jornalistas e as famílias dos mesmos. No último domingo (8), houve depredação dos Três Poderes - Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.

Primeiramente, a apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro, passou a questionar os materiais produzidos e os "jornalistas militantes, parciais, que, infelizmente, acabam que colocando acima de sua competência profissional a sua doutrinação". Logo depois, ela atribui a fala afirmando que os manifestantes estão sendo escrachados pela imprensa.

"E vem aí, escrachadamente colocando, principalmente, nas suas matérias o que deveria ser imparcial e realmente relatar os fatos, colocando a sua conclusão pessoal, chamando pessoas, homens e mulheres, empresários, mães, pais, avós de golpistas", disse.

As matérias citadas indiretamente pela sargento fazem referência ao período em que bolsonaristas tomaram as ruas da Avenida Duque de Caxias, em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste), onde pediam intervenção federal, auxílio das Forças Armadas em uma tentativa de golpe contra as eleições que escolheram o petista Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do país.

No vídeo postado, Betânia critica com mais força a repercussão e afirma que em algum momento, os jornalistas vão precisar "dos golpistas e que em algum momento vão precisar ir numa loja, padaria, supermercado e oficina".

"E aí? E você se deparar lá com os chamados golpistas por vocês? Vocês já pensaram que as pessoas poderão não querer tendê-los? Vocês vão viver no mundinho de vocês, na bolha das suas redações, nos seus mundos fantasiosos? Então coloque a mão na consciência e comece a raciocinar, vocês também têm famílias", explica.

A sargento finaliza deixando uma possível ameaça contra os jornalistas, no qual seria necessário mudar o comportamento e o profissionalismo por que "ficarão sozinhos". "Então é melhor começar a tratar as pessoas no mínimo com educação e coloque o profissionalismo acima da doutrinação que vocês tem, porque caso contrário, vocês vão se deparar com um mundo que não existe e aí vocês vão ficar sozinhos".

Falou, falou e não falou das agressões aos profissionais

Betânia fez ponderações sobre as matérias veiculadas, mas em nenhum momento citou as agressões sofridas pelos profissionais durante o período em que os golpistas e apoiadores do ex-presidente permaneceram na área militar, ocupando uma das faixas da Avenida Duque de Caxias.

Na última segunda-feira (9), o repórter fotográfico Wesley Ortiz, do TopMídiaNews, e a jornalista Ana Beatriz Rodrigues, do Campo Grande News, foram agredidos com empurrões, tapas e até mesmo bandeiradas - tudo isso, na presença da própria Polícia Militar, que fazia a preservação do local na desocupação do espaço, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Houve outros episódios relatados de profissionais da imprensa sendo agredido, seja em Campo Grande ou também nas demais cidades do país. Porém, em nenhum momento a sargento Betânia repudia as agressões ou até mesmo cita-as em seu vídeo publicado.