Menu
sexta, 29 de março de 2024 Campo Grande/MS
MULHER GOV MS
Campo Grande

Saudade sem fim: avó de bebê Yago encontra traços da filha que se foi no gênio do neto

Adriana observa o pequeno e diz que ele tem o mesmo gênio forte da mãe

18 fevereiro 2019 - 07h00Por Dany Nascimento

Enquanto comemora a vida do neto Yago Souza Sodré de Noronha , Adriana de Souza, 47 anos, também se pega pensando na filha Renata Sodré, que faleceu vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), na Capital. Adriana assumiu o papel de mãe de Yago, conhecido na cidade por vir ao mundo em um caso inédito, já que nasceu de um parto realizado em Renata, que era mantida viva através de aparelhos.

Ao observar Yago, Adriana destaca que a aparência física de Yago é do pai, Eduardo de Noronha, mas o gênio é da filha. “Ele parece muito com o pai dele, mas o gênio forte é todo da minha filha. Me lembra muito ela, principalmente quando ele quer alguma coisa. Ele é insistente, fica bravo se pede algo e não consegue. Ele bate o pé até conseguir o que quer, é muito parecido com ela”.

Os aparelhos que mantinham Renata viva foram desligados no dia 31 de março de 2017, após o nascimento de Yago. A família comemorava a chegada do novo membro, mas também se despedia de Renata para sempre. De acordo com Adriana, no dia do acidente, Renata sentiu uma dor forte na cabeça e gritou a irmã, Adrielly de Souza, 22 anos.

“Ela chamou a irmã dela, falou que tinha batido a cabeça. Mas na verdade ela não bateu, ela teve AVC e a dor foi tão forte que ela pensou que tinha batido a cabeça. Ela foi pro hospital, mas não resistiu. Ela deixou o Yago pra mim, me deu ele de presente, ele é meu filho mais novo, quem diria que depois de 20 anos, eu teria mais um bebezinho aqui comigo”, diz a mãe.

O caso

Yago Souza Sodré de Noronha é fruto do amor de Eduardo de Noronha, com a jovem Renata Sodré, que faleceu aos 22 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que Renata foi mantida em aparelhos até o parto, que aconteceu no dia 31 de março de 2017.

O prematuro chegou ao mundo se despedindo da mãe, que foi enterrada no dia do nascimento da criança. Com dois dias de vida, pesando 1 quilo e 50 gramas, o pequeno contraiu uma bactéria, deixando os familiares em pânico. Os médicos conseguiram estabilizar a situação do bebê, que continuou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neo Natal da Santa Casa.

O pequeno passou por procedimento cirúrgico de correção da artéria que irriga o pulmão, devido a uma má formação. Com sol ou chuva, os familiares sempre estavam ao lado de Yago nos horários permitidos pela equipe médica.

Médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe da Santa Casa se uniram e se dedicaram diariamente para a recuperação do prematuro. Um laço de amor e carinho foi criado entre os profissionais e o pequeno.  Ao completar cinco meses de vida, ele foi transferido da UTI para a UI (Unidade Intermediária) ao atingir 1.685 kg e passou a ter, conforme o neurologista Walter Perez, um contato maior com a família, que começou a segurar por mais tempo o bebê nos braços.       

Os profissionais começaram a se dedicar para que Yago deixasse de respirar com a ajuda de aparelhos, aprendesse a mamar sozinho para atingir o peso necessário e ir para o aconchego do lar. Após seis meses de hospital, o médico Walter Perez,  a intensivista Patrícia Berg Leal e a neonatologista Claúdia Guimarães entregaram o pequeno aos braços dos familiares, com a tão sonhada alta. Ele deixou o hospital com 50 cm, pesando 3kg.