Seis meses após o assassinato de Hélio Rodrigues Santana, morto a tiros durante uma discussão de vizinhos em Campo Grande, a família ainda vive um luto marcado pela revolta e pela sensação de impunidade. O autor do crime, identificado como um ex-policial militar, continua foragido, e o processo judicial, segundo os familiares, “não anda”.
Em entrevista ao TopMídiaNews, João Vitor Rodrigues Santana, de 21 anos, filho de Hélio, fez um apelo emocionado por justiça e cobrou respostas das autoridades. "Ontem fez seis meses que tudo aconteceu, e o cara que tirou a vida do meu pai continua solto. Está tudo na Justiça, mas nada anda. A gente tem crianças pequenas, precisa de uma resposta, de pontualidade. É muito sofrimento ver que nada muda", lamenta.
João relembra que a tragédia começou após uma discussão entre o pai e mãe, e que a vizinha e o autor do crime interviram de forma violenta e inesperada. "Meu pai e minha mãe estavam discutindo, mas nada grave e nada envolvendo violência. Mas aí a vizinha, pelo muro, começou a discutir e meu pai não gostou também. Ela disse que ia chamar a polícia, meu pai falou que tudo bem, que podia chamar, que ele iria resolver a situação, e que a vizinha não tinha nada que ver. Do nada, o homem saiu de dentro da casa dela, enfiou a mão pelo buraco do portão e atirou. Depois ainda entrou na nossa casa. Foi uma invasão, um homicídio sem defesa alguma", contou o jovem.
Ele reforça que o pai não estava armado, não havia agredido a mãe nem machucado ninguém para que o homem tivesse essa reação. "Ele também não se apresentou como polícia militar, só descobrimos depois, a gente não sabia nada sobre ele".
O filho também denuncia a falta de posicionamento da Polícia Militar sobre o caso. "Até hoje ninguém explicou se esse cara vai continuar sendo tratado como policial. Para mim, ele é um psicopata. Não teve motivo algum para fazer o que fez. Ele matou um pai de família, que não estava armado, não ameaçou ninguém. Isso é crueldade", afirma.
Segundo João Vitor, desde o crime a vida da família virou de cabeça para baixo. Hélio era o principal provedor da casa e sustentava a esposa e três filhos menores — de 13, 12 e 8 anos. "Depois que ele se foi, tudo ficou difícil. Eu tive que largar meu trabalho para cuidar das crianças, para não deixá-las sem estudar. A gente tá se virando, mas é muito difícil. Parece que ninguém se importa com o que aconteceu. Parece que estão tentando esconder alguma coisa", desabafa.
Além da dificuldade enfrentada pela nova dinâmica com as crianças, a família também precisa encontrar um novo local para morar. "Minha mãe sente que precisa mudar, porque às vezes nem dormir ela consegue, pelo medo. Violaram a nossa residência, de uma forma que não dá mais para dormir em paz".
O jovem ainda reforça a desconfiança quanto à lentidão das investigações. "Já fomos na Polícia Civil, na Militar, e o processo está no Ministério Público há meses. Nada anda. Não sei se estão mexendo os pauzinhos para proteger ele, porque é ex-policial, mas eu tenho certeza que, se fosse ao contrário, a gente já estaria preso há muito tempo".
A família pretende continuar cobrando respostas e pede apoio da imprensa e da sociedade para que o caso não seja esquecido.
"Meu pai nunca fez mal para ninguém. Era trabalhador, honesto, ajudava todo mundo. O mínimo que ele merece é justiça. A gente quer que esse homem seja preso e que responda pelo que fez. Não dá para aceitar ver um assassino solto enquanto uma família inteira sofre", finaliza João.
A reportagem tentou contato com a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, para entender sobre o andamento da investigação, mas o órgão alega que casos de homicídio são mantidos em sigilo na justiça.










