Os desejos de duas mulheres – uma que sonha em ser mãe e outra gestante, que ofereceu o filho - se cruzaram por um momento, em Campo Grande. Porém, não houve sucesso na aproximação delas e a batalha para dar felicidade a um pequeno continua.
Alessandra, de 31 anos, mora do Jardim Los Angeles e foi diagnosticada com um lado das trompas obstruídos. Sendo assim, uma gestação só seria possível com inseminação artificial, cujo tratamento tem custo altíssimo, diz ela.
No dia 2 de junho, um site de notícias de Campo Grande relatou o drama de uma gestante, à época com 18 semanas, que não tinha condições financeiras para arcar com um quarto filho. O namorado, que é pai do bebê, a abandonou. O pai de outro filho dela não paga pensão. Diante do medo de não suprir as necessidades, quer doar o pequeno.
A moradora do Los Angeles então ‘’correu’’ até o Fórum de Campo Grande e buscou informações sobre a situação e se propôs a adotar o pequeno. No entanto, teria ouvido da Vara da Infância e Juventude que é necessário passar por um processo criterioso, além do fato de já ter pessoas aptas a adotar uma criança à frente dela.
‘’Falaram que era para eu fazer o cadastro e fazer o curso [que só começa em julho]. Também disseram que a gestante pode desistir’’, relatou Alessandra.
Não satisfeita, Alessandra conseguiu o contato da doadora e, por meio de uma amiga, se ofereceu para ficar com o menino. No entanto, não deu respostas conclusivas e não houve mais contato entre elas.
‘’A gente se enche de esperança, chega na hora e não dá’’, lamenta Alessandra. Ela criticou o sistema de adoção, dizendo que a burocracia é grande. Com isso, o tempo passa e as crianças crescem, reduzindo o interesse dos candidatos, que procuram bebês.
Sonho
Alessandra é casada há 11 anos e tinha dois grandes desejos: a casa própria e um filho. O primeiro foi conseguido há pouco tempo.
‘’Eu saía com os filhos dos vizinhos, com meus sobrinhos, tudo para curtir esse lance da maternidade’’, revela novamente. Ela garante que já tentou ser mãe por diversas vezes.
‘’Propus até barriga de aluguel para uma vizinha. Quis até pegar [sêmen] do meu marido e colocar direto nela, mas a negociação não deu certo’’, acrescenta a moradora.
Sem Julgamento
Alessandra diz que não julga a gestante que quer doar os filhos. Ela diz que muitas coisas acontecem fora dos planos das pessoas.
‘’É melhor ela fazer isso do que jogar na lata de lixo. É melhor dar para uma pessoa que queira cuidar’’, reflete.
O sonho de ser mãe continua e Alessandra vai se submeter aos trâmites judiciais para adoção. Ela não desiste e diz que aceitaria uma oferta de uma clínica especializada em reprodução que desse o tratamento gratuito ou com baixo custo.
Doadora
Entramos em contato com a gestante. Ela confirmou a conversa com a moradora do Los Angeles, por meio de uma interlocutora, e disse que segue com a intenção de doar o filho. Ela disse que está recebendo apoio da Justiça.
