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Campo Grande

'Troca-troca' deixa campo-grandenses pessimistas com o futuro da Capital

07 setembro 2015 - 17h49Por Amanda Amaral

Não foram poucas as mudanças ocorridas na administração municipal de Campo Grande nos últimos anos, especialmente nas últimas semanas. O ritmo dessa verdadeira “dança da cadeira” parece ter deixado muitos campo-grandenses com uma sensação de estarem passando por um dos momentos mais instáveis da política na cidade, onde algumas necessidades do povo acabaram por ficar em segundo plano. Essa reação apareceu nas ruas, a partir de um questionamento feito pela reportagem do TopMídia News, no Centro da Capital, sobre a opinião e expectativas das pessoas frente a esse cenário.

Para o eletricista Rubens Martins de Souza, 53 anos, “a cidade precisa respirar”. “Hoje – e digo hoje mesmo, nem ontem, nem amanhã – ‘tá’ boa a situação. Mas olha, não vai ser fácil se continuar essa bagunça aí que a gente vê no noticiário, é uma vergonha”, disse. O morador do bairro Mata do Jacinto diz que os bairros mais carentes estão abandonados, mas que ainda espera que a região dos bairros Nova Lima e Columbia esteja nos planos da nova fase de administração de Alcides Bernal (PP).

“Não dá nem tempo da gente acompanhar o trabalho de um [prefeito], de desenvolver obras, quando vê, já troca. Acho um desrespeito, porque não vejo nada melhorar, muito pelo contrário, assim não dá pra confiar em ninguém”, opina Nilton Pereira da Costa, 60 anos, aposentado. Para ele, que mora no Coophavila II e cobra a manutenção do bairro, a solução só será encontrada quando “tomarem conta da cidade com honestidade e carinho”.

Nilton acredita que cidade precisa de mais 'carinho'. Foto: Deivid Correia

Tem quem veio do interior em busca de melhores oportunidades de emprego e qualidade de vida na Capital, mas encontrou uma realidade difícil de lidar. Vinda de Ponta Porã há quatro meses para morar no bairro Jardim Tarumã com a irmã, Zeti Sanóbia, de 37 anos, não tem acompanhado muito a situação política e não conhece os problemas mais críticos da cidade, mas sente na pele algumas dificuldades. “Já precisei de médico e não consegui, porque estavam em greve. Vejo na TV que ‘tá’ tendo investigação, mas passo o dia fora procurando emprego, que ainda não consegui. Com isso, já entendi que agora é difícil aqui também”, disse a cuidadora de idosos.

A aposentada Maria Luiza Alves, de 60 anos, fica preocupada com a geração mais nova que sofre com as consequências da greve da Rede Municipal de Educação (Reme), que (parcial ou totalmente) paralisou as atividades por 92 dias para cobrar a prefeitura por reajuste salarial previsto em lei. “Meus netos e outras tantas crianças estão agora perdidos, a aprendizagem toda atrasada, a gente tendo que mudar a vida pra não deixar eles de qualquer jeito enquanto não tinha aula”, disse. Para ela, que vive no bairro Iracy Coelho, nenhuma benfeitoria significativa deve ser feita nos próximos meses, como o asfalto que é prometido há anos aos moradores da região, “porque não vai dar tempo de organizar tudo e juntar dinheiro, já que dizem que a prefeitura ‘tá’ falida”.

Maria não crê que crise seja solucionada em breve. Foto: Deivid Correia

Também com pouca esperança de melhorias em um curto prazo de tempo, o alfaiate Antenor Reis, 67 anos, diz que prefere guardar suas expectativas positivas apenas para a próxima eleição, no ano que vem. “Sempre morei em Campo Grande e nunca vi aqui abandonado do jeito que conseguiram deixar. A saúde está péssima, o transporte, a limpeza. O prefeito pode até trabalhar bem se voltar em 2016, mas até lá acho que vai levar ‘com a barriga’”. Morador do bairro Jardim Tijuca II, Antenor conta que já viu muita gente precisar de atendimento médico e não conseguir, entre as idas e vindas da greve dos servidores. “Por sorte, trato minha saúde com um doutor cubano que não parou, senão tinha morrido. Não é fácil pra quem não é rico”, desabafa.