O ex-governador e então candidato a governador do estado pelo MDB, André Puccinelli, tentou fazer censura prévia ao humorista Léo Lins, que gravou vídeo com piada sobre o Aquário do Pantanal, no final de julho. No entanto, um dia antes do show, o político foi preso, justamente por envolvimento no desvio de dinheiro da obra 'faraônica'.
O humorista, um dos mais prestigiados da atualidade, usa a estratégia de consultar moradores da cidade onde vai fazer o show e saber o que é motivo de piada. No caso da Capital, os temas foram os buracos nas ruas, capivaras e o Aquário do Pantanal.
O artista então gravou um vídeo, intitulado 'A verdadeira História de Campo Grande', fazendo piadas com esses temas e divulgou nas redes sociais como forma de convite para o show 'Bullyng Arte', no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo. Ao saber disso, a defesa de Puccinelli pediu a retirada da gravação à Justiça.
Na gravação, que foi noticiada pelo TopMídiaNews, ele citou a quantidade de buracos na cidade e refletiu que, com os 200 milhões de reais desviados do Aquário, poderia tapar todos os buracos da cidade e até os da camada de ozônio, algo que irritou o "tio pucci".
Mas não deu tempo. No dia 20 de julho, um dia antes do show, Puccinelli, o filho, André Puccinelli Júnior, e o advogado João Paulo Calves foram presos por ordem da Justiça Federal por movimentar dinheiro de propina, no âmbito da Operação Lama Asfáltica.
A defesa de Puccinelli alegou, no dia 16 de julho, que a piada poderia influenciar no período eleitoral, já que ele era candidato. O humorista lê parte da intimação, onde os advogados reconhecem que há investigação contra ele por desvios de dinheiro do Aquário, mas que teriam sido feitos por empresas contratadas para a construção do obra.
Léo Lins desabafa no vídeo e diz que o processo é a própria piada. Na gravação ele pesquisa o nome de Puccinelli em sites de buscas que mostram diversas notícias sobre a prisão do 'italiano' e a negativa de muitos recursos pedidos por ele.
''Só falei o que era notícia. Se for assim tem que derrubar o prédio da Google'', brincou Lins.
O artista celebra o fato de que o primeiro pedido para censurar a piada foi negado pela Justiça.
Tentamos contato com dois advogados do ex-governador, mas não houve retorno.