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Após rotina de internações, Yago passa dois meses sem oxigênio e vive dias tranquilos ao lado da avó

Adriana explica que o bebê, gerado no corpo da mãe com morte cerebral, nunca tinha ficado mais de um mês sem ficar internado na Santa Casa

24 janeiro 2019 - 17h00Por Dany Nascimento

Com 1 ano e nove meses de vida, Yago Souza Sodré de Noronha  é criado pela avó materna e pela primeira vez ficou dois meses longe do hospital. De acordo com a avó, Adriana de Souza, 47 anos, a família já encarou muita turbulência, mas agora comemora dois meses longe de internações na Santa Casa da Capital.

“Agora que deu uma melhorada porque estávamos sempre ficando na Santa Casa. Faz dois meses que ele está conseguindo respirar sem oxigênio. Ainda tem oxigênio dele aqui em casa, mas graças a Deus não precisamos usar. Está tudo em paz com ele”, explica a avó.

Fazendo papel de mãe de Yago, Adriana afirma que não desgruda do neto, que virou seu filho mais novo. “Ele é meu filho agora, quem diria que depois de 20 anos eu teria mais um filho. Ele agora vai para a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) fazer fisioterapia. Eles também ficaram de conseguir uma cadeira adaptada para ele”.

De acordo com a avó, Yago ainda não consegue sentar sozinho. “Os médicos explicaram que tudo dele seria mais demorado. Ele não senta sozinho ainda, não engatinha, por isso eu preciso da cadeira para ele. Graças a Deus ele se alimenta bem, os parentes do pai dele ajudam com verdura porque ele come de tudo. Não pode comer nada na frente dele que fica pedindo. O pai dele está desempregado agora, mas ele também me ajuda muito”.

Devido às crises de convulsão que o pequeno já encarou, Adriana afirma que os familiares têm medo de ficar com Yago. “As pessoas têm medo de olhar ele para mim, não deixo ele com ninguém, quando vou tomar banho, peço para alguém olhar ele rapidinho. O pai dele fica com ele, mas as outras pessoas ficam com medo dele ter a crise”.

Conforme Adriana, o pai do bebê, Eduardo de Noronha, 25 anos, reside próximo da casa da avó. “Ele não mora aqui com a gente, mas o Yago mora aqui e vai ficar aqui comigo. O Eduardo ajuda, vem todo dia ver ele, mas ele fica comigo, tem que ficar com a vovó mesmo”.

Relembre o caso

Yago Souza Sodré de Noronha é fruto do amor de Eduardo de Noronha, 25 anos, com a jovem Renata Sodré, que faleceu aos 22 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que Renata foi mantida em aparelhos até o parto, que aconteceu no dia 31 de março de 2017.

O prematuro chegou ao mundo se despedindo da mãe, que foi enterrada no dia do nascimento da criança. Com dois dias de vida, pesando 1 quilo e 50 gramas, o pequeno contraiu uma bactéria, deixando os familiares em pânico. Os médicos conseguiram estabilizar a situação do bebê, que continuou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neo Natal da Santa Casa.

O pequeno passou por procedimento cirúrgico de correção da artéria que irriga o pulmão, devido a uma má formação. Com sol ou chuva, os familiares sempre estavam ao lado de Yago nos horários permitidos pela equipe médica.

Médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe da Santa Casa se uniram e se dedicaram diariamente para a recuperação do prematuro. Um laço de amor e carinho foi criado entre os profissionais e o pequeno.  Ao completar cinco meses de vida, ele foi transferido da UTI para a UI (Unidade Intermediária) ao atingir 1.685 kg e passou a ter, conforme o neurologista Walter Perez, um contato maior com a família, que começou a segurar por mais tempo o bebê nos braços.       

Os profissionais começaram a se dedicar para que Yago deixasse de respirar com a ajuda de aparelhos, aprendesse a mamar sozinho para atingir o peso necessário e ir para o aconchego do lar. Após seis meses de hospital, o médico Walter Perez,  a intensivista Patrícia Berg Leal e a neonatologista Claúdia Guimarães entregaram o pequeno aos braços dos familiares, com a tão sonhada alta. Ele deixou o hospital com 50 cm, pesando 3kg.