Campanha que leva o nome de ''A Hora é Agora, Testar nos Deixa Mais Fortes'' disponibiliza um armário no Shopping Pátio Central e oferece testes rápidos de HIV, em Campo Grande. A iniciativa, lançada na tarde desta segunda-feira (23), mira os públicos jovem, gays HSH (homens que fazem sexo com outros homens) que registraram aumento nos índices de contaminação pelo vírus.
O objetivo é atrair pessoas para que elas façam o teste e, de imediato, iniciem o tratamento. As primeiras iniciativas desse programa começaram em Curitiba (PR) e chegaram agora em Campo Grande.
Conforme explicado pelo secretário de Saúde de Campo Grande, José Mauro Filho, para participar é preciso que a pessoa acesse o site ahoraeagora.org/ e faça um cadastro. Depois, o site gera um código que será utilizado para abrir a porta do armário. Lá, haverá dois testes rápidos, que o cidadão pode fazer em casa.
Teste contém orientações e pode ser feito em casa. (Foto: Willian Leite)
Caso o teste tenha resultado positivo, a orientação é que pessoa vá até o CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) para fazer outro teste, que é o confirmativo, e depois iniciar o tratamento. Os exames são feitos por meio de gota de sangue ou por vias orais, que é da saliva. Se der negativo, basta descartar o material.
Preocupação
O público alvo da campanha são jovens e gays e homens que fazem sexo com outros homens, disse o secretário José Mauro, já que o número de pessoas infectadas pelo HIV aumentou dentro dessas populações na Capital. Inclusive, foi isso que levou à escolha de Campo Grande para dar início ao projeto.
Ana Carolina Santos é representante do CDC (Center For Disease Control and Prevention), que é um órgão internacional de prevenção à doença. Ela disse que o objetivo é atingir o público alvo e fazer com que as pessoas entendam que é necessário fazer o teste.
''Tem muita gente que tem, não sabe que tem e transmite para outras pessoas. Talvez por isso o aumento no número de casos. Esse projeto vem para agregar e para que essa estatística, pelo menos, diminua'', detalhou a participante.
O kit dentro do armário vem com orientações de como fazer o teste e também como proceder na análise comprobatória. A profissional destacou outra mensagem importante, que é fazer com que, nos casos positivos, a pessoa inicie o tratamento imediatamente.
Trabalho inédito em MS
A enfermeira Andreia Silva Souza, coordenadora da Rede de Atenção Especializada, disse que esse trabalho começou em março deste ano.
''Somos a segunda capital a receber esse projeto, que começou com diversas iniciativas até chegar hoje, na implantação do armário. Ele nos fornece ferramentas para que os pacientes cheguem até o CTA e iniciem o tratamento de imediato, que é o mais importante'', explicou a profissional.
José Mauro Filho, secretário de Saúde da Capital, alertou que, hoje, os jovens não têm mais a preocupação com o HIV que a geração anterior tinha.
''Por exemplo, sou cirurgião ortopédico e uma vez furei minha pele com osso durante uma cirurgia e, mesmo com todos os cuidados que temos quando trabalhamos na área da saúde, fiz o teste'', destacou o dirigente ao reforçar a ideia de que não se pode perder a preocupação de contrair a doença.
Coordenadora de Políticas Públicas para o público LGBT, Cris Stefanny, destacou a importância da iniciativa.
''Esse programa traz a luz da verdade, aquilo que vínhamos discutindo há tempos, que houve uma queda na prevenção e no cuidado, no que diz respeito ao público mais vulnerável'', explicou.
Stefanny ressaltou que não se trata mais de ''grupo de risco'', como se dizia antigamente, mas sim de público em situação de vulnerabilidade.
''Mas o público LGBT é muito mais vulnerável'', finalizou.
* matéria alterada às 23h50 para acréscimo e alteração de informações
