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Instituto questiona retorno das aulas presenciais em Campo Grande

Estudo aponta defasagem na testagem no âmbito escolar, relembra o surgimento de possíveis variantes e alega que as transmissões nas escolas não podem ser consideradas baixas

24 julho 2021 - 15h15Por Vinicius Costa

O retorno das aulas presenciais em Campo Grande ainda parece estar longe de uma unanimidade, tanto que pais ainda sentem receio em enviar os alunos para as escolas. Mesmo em um momento pandêmico menos catastrófico do que no últimos meses, a prefeitura aposta que é possível manter a segurança com o retorno programado para o dia 26.

No entanto, um artigo publicado pelo Instituto Tekoá põe em cheque as regras de biossegurança que poderiam servir de base para garantir a segurança das crianças e adolescentes no ambiente escolar. O estudo foi publicado no dia 16 de julho e ganhou notoriedade nesta semana, bem próximo do retorno das aulas.

Um dos pontos bem destacados pelo artigo consta a insuficiência de dados que não são tão publicados e divulgados para ciência dos demais. Nesse ponto, o instituto coloca em cheque a maneira de testagem nas pessoas, nas crianças e adolescentes, além disso, explicando que a transmissão em ambientes escolares não pode ser considerada baixa.

"Pela insuficiência de dados, não se torna possível afirmar que a transmissão em ambientes escolares é baixa. Isto porque os padrões de testagem são associados a pacientes sintomáticos, o que difere do perfil de crianças e adolescentes que são, geralmente, assintomáticos ou apenas apresentam sintomas considerados leves".

O estudo que foi dirigido pelo pesquisador e diretor Eros Frederico da Silva, também questiona a maneira de evitar que as escolas sejam um grande transmissor do vírus e representem um risco considerável de contágio.

"Essas constatações reforçam a ideia que não é plausível afirmar que as escolas não representam risco significativo de contágio, e que decisões de reabertura devem, se tomadas, ser acompanhadas de diversas outras medidas e protocolos adequados para tornar o retorno às aulas presenciais seguro e responsável".

Campo Grande executa um plano de biossegurança para ter menos alunos do que o normal e evitar possíveis aglomerações, incluindo entrada alternadas de estudantes, mescla de horários e dividindo as turmas. Atitude que foi elogiado pelo instituto, mas que precisa ser seguido a risca para conter os riscos de contaminação na ala escolas e nos profissionais de educação e alunos.

"Diante de todos os dados apresentados, recomenda-se maior cautela no relaxamento das restrições de isolamento e distanciamento social. É necessário que o processo decisório leve em consideração a necessidade de critérios objetivos e científicos para a abertura de diversos setores", explica o artigo.

A testagem no âmbito escolar aponta para ser uma preocupação, segundo explica o estudo. Conforme trecho do artigo, a volta às aulas presenciais, em particular, tem forte potencial para vir a configurar um desses ambientes.

"O cenário de testagem da população em idade escolar embasa a preocupação. As curvas de testagem e de casos confirmados e os números absolutos para faixas etárias escolares mostram como essas parcelas da população praticamente não foram testadas", diz parte do estudo e ainda acrescenta que a pouca divulgação e testagem nessa faixa-etária pode representar uma irresponsabilidade.

"Isso representa uma lacuna nas informações quanto ao contágio do vírus e as implicações que isso pode representar não são conhecidas. Com a baixa testagem dessa faixa etária não é possível afirmar qual o nível de transmissão nos ambientes escolares. Afirmações sobre baixa transmissão e baixo número de casos nesses ambientes são baseadas em uma falta irresponsável de evidências, diretamente dependentes de testagem".

O surgimento de novas variantes também é elencado e muito destacado no artigo produzido pelo Instituto Tekoá. A principal preocupação de momento é com a variante Delta, que demostra um poder de transmissibilidade maior ao considerável de outras mutações. O afrouxamento das medidas de biossegurança é considerada um fator de risco no estudo.