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Campo Grande

06/02/2019 07:00

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'Carandiru': sem lar próprio e faltando o essencial, famílias vivem dia após dia com medo do despejo

“Aqui a gente vive um dia após o outro, só Deus proverá”, afirma moradora de invasão famosa em Campo Grande

O residencial Athenas, em Campo Grande, ficou conhecido como ‘Carandiru’, provavelmente devido às suas características. No local não há pintura, muros ou calçada e pichações colorem diversos pontos. O prédio foi construído pela empresa Degrau, que faliu e não conseguiu terminar a obra, e atualmente abriga mais de 40 famílias de forma irregular, ou seja, fruto de ‘invasão’.

(Foto: Wesley Ortiz)

Ao chegarmos ao local, fomos recebidos pelas crianças encantadas pela câmera do nosso fotógrafo, no entanto, a alegria não é a mesma dos moradores. O medo da imprensa, segundo eles, é devido a ser sempre seguido de uma ordem de despejo e a preocupação de perder o único local em que encontraram abrigo.

Muitas das pessoas residentes, que moram há mais de 15 anos, vivem em situação de vulnerabilidade econômica, sem emprego ou renda fixa e contam com a sorte para colocar um prato de comida à mesa e garantir a tal dignidade.

Apenas uma parte do residencial foi invadida, já que a outra que estava pronta já havia sido vendida e é habitada por moradores que compraram apartamentos. Lá, o contraste é nítido, não apenas pelo muro construído.

(Foto: Wesley Ortiz)

Amanda de Souza da Conceição, 23 anos, mora ali há 12 anos, com dois filhos e está gestante do terceiro. Ela conta como todo mundo vive ali. 

"Eu moro aqui com meus filhos e meu esposo em um apartamento, minha mãe também. Meu esposo está desempregado", diz de uma forma tímida.

Insisto para saber como é a rotina e como o alimento chega à mesa da família e aos poucos ela vai se soltando. 

“Ele consegue uns bico de vez em quando no Ceasa, o básico tem”, comenta. Questionada sobre a estrutura do local, Amanda reconhece que não é boa, mas diz não ter para onde ir.

“Não é boa, só que é o que salva quem não tem um lugar pra morar. Nós morávamos de aluguel, só que quando a gente veio pra cá foi devido a uma situação que minha mãe passou na vida dela, chegou a ponto de que se ela pagasse um aluguel, nós não teríamos o dinheiro pra comida”, lembra.

Quanto à perspectiva de vida e o planejamento do futuro, a dona de casa é enfática e lembra o medo de ser despejada.

“Temos medo, se falar pra senhora que todo mundo aqui tem condições, não tem, seja pagar um aluguel, ou comprar uma casa. Medo de sair daqui todo mundo tem”, afirma dizendo ainda que não sabe o que faria se isso acontecesse.

(Foto: Wesley Ortiz)

“Aqui a gente vive um dia após o outro, só Deus proverá. Minha perspectiva é comprar uma casa, já fiz minha inscrição nesses projetos, mas nunca tive retorno”, afirma.

Sobre o fornecimento de água e energia, foi preciso entrar em uma briga judicial, antes ali havia apenas um cavalete de fornecimento de água. Ao entrarem na Defensoria, os moradores ganharam o direito e agora cada um tem o seu.

“Após a água, a Energisa também forneceu toda a estrutura, acho que eles cansaram de gato”, diz Marcos Ardovino, de 29 anos, pedreiro, que correu atrás dos benefícios.

Ele mora no local há 18 anos. Hoje ele é casado e têm três filhos e lembra que foram uns 10 anos fazendo ‘gato’ na luz.

“Foi sofrido o tempo sem água e luz. Agora estou sem emprego também, obra tudo parado, o jeito é fazer bico por aí. Estamos sobrevivendo, indo até onde Deus quiser”, conta.

Uma reclamação dos moradores é o custo de água e luz, segundo eles, uma conta de água chega a ser R$ 300, já a energia uns R$ 150.

Única vantagem é a localização do local. Eles não reclamam, dizem se tratar de um bom lugar, calmo e tranquilo.

(Foto: Wesley Ortiz)

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