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USO ELEITORAL DA RELIGIÃO

17/10/2020 11:30

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Bispos da Igreja Católica em MS denunciam candidata que postou foto com santa e arma

Candidata Juliana Gaioso diz que bispos não podem "falar pela Igreja Católica" e cita Coréia do Norte para explicar foto

A candidata a vereadora Juliana Gaioso, do PSL, foi denunciada por apologia ao crime pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, entidade que reúne Bispos da Igreja Católica no País. Juliana divulgou foto segurando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e segurando uma pistola para pedir votos à sua candidatura. 

A Comissão Regional de Justiça e Paz da CNBB MS, presidida pelo bispo Dom Dimas Lara Barbosa, emitiu nota de repúdio e denunciou apologia ao crime da candidata. Em resposta, Juliana diz que, apesar da entidade ser formada apenas por bispos da Igreja Católica "não representa a Igreja Católica" e citou China, Coréia do Norte e outros países para justificar o uso da pistola com a imagem sagrada para os católicos, religião predominante no Brasil, de acordo com o IBGE. 

Na internet surgiram comparações da pose da candidata, que foi exonerada de cargo no Senado após a revelação que ela estaria agindo na distribuição de fake news e teria nomeado o filho em gabinete de outro deputado federal, com uma terrorista do Hamas que se explodiu na faixa de Gaza em 2004.

Imagem sacra, arma e "sacríficio": a estratégia baseada no terrorismo da candidata

Segundo os bispos, a Comissão está indigna pela atitude, por isso realizou a denúncia contra Gaioso. Foi citado também que Juliana usou a imagem de fé com arma de fogo para fins eleitorais em meio a situação de mortes pela Covid-19 e queimadas que destroem o Pantanal. 

“A Comissão Regional de Justiça de paz da CNBB Regional Oeste I (CRJP) vem a público denunciar o gesto de apologia ao crime, abuso, uso indevido e vilipendioso de objeto de culto religioso e flagrante desrespeito a dor do povo que clama por vida aos pés de Nossa Senhora Aparecida, e solicita aos órgãos competentes que se promova a justiça”, diz trecho do documento.

Juliana Gaioso postou a foto na última segunda-feira (12) e causou polêmica nas redes sociais. Alguns católicos e devotos ficaram revoltados com a imagem.

O que diz a candidata

Procurada pela reportagem Juliana Gaioso respondeu através de nota que os bispos não podem falar sobre o assunto que lhes é objeto: a Igreja Católica. "A CNBB não faz parte da estrutura da Igreja Católica, não é um órgão da Igreja Católica e não tem autoridade sobre a Igreja. Apesar de serem constituídos por bispos.
Respeito o direito de expressão deles, mas eles deveriam eram se preocupar com os cristãos que são perseguidos e mortos todos os dias por regimes socialistas na China, Coreia do Norte e em países da África e até da América Latina.
O que eu fiz foi mostrar que eu sou católica, devota de Nossa Senhora Aparecida e a favor da legitima defesa.
Se a fé que é a defesa da alma, e a arma que é a defesa do corpo não podem andar lado a lado, sugiro aos representantes desse órgão procurarem a Guarda Suíça que não defendem o Vaticano com flores.
Quem interpretou minha foto da forma diferente da que eu disse, são comunistas que aparelham o CRJP e os ataques a minha pessoa foram na grande maioria por esquerdistas, eles levaram minha foto para ataques ideológicos e políticos".

Veja a nota da CRPJ na íntegra:  

Nota de repúdio e indignação

A Comissão Regional de Justiça e Paz (CRPJ) do Mato Grosso do Sul, órgão vinculado à CNBB Regional Oeste 1 (MS), vem a público se solidarizar com o sofrimento do povo brasileiro neste momento da pandemia da COVID-19, especialmente com aqueles atingidos pelas queimadas criminosas no Pantanal, e repudiar a manipulação para fins eleitorais da fé católica ocorrida no dia 12 de outubro que promoveu valores e atitudes que negam o Evangelho de Jesus Cristo e a devoção popular à Nossa Senhora Aparecida.

Neste tempo de extrema dor e sofrimento nos solidarizamos com as famílias de mais de 150 mil mortos, provocados pelo novo coronavírus; e, ao mesmo tempo, com os mais de 65 milhões de brasileiros que recebiam o auxílio emergencial de R$ 600,00 e que vêm seu valor reduzido à metade para R$ 300,00, com uma inflação mais alta que em 2016, quando os ingredientes da cesta básica têm seus preços elevados de forma absurda. 

Diante do desastre ecológico com queimadas criminosas, quando mais de dois milhões de hectares do Pantanal foram destruídos, nos indignamos ao perceber um crescente descaso do Governo Federal e da classe política em geral com o sofrimento do povo. Esses são temas importante para candidatos e candidatas ao Executivo e Legislativo Municipais do nosso Estado se debruçarem e apontarem saídas que defendam a Vida e a Cultura da Paz com garantia de direitos sociais e ambientais para todos os cidadãos e cidadãs, indistintamente.

No dia 12 de outubro, como um alento com o Dia das Crianças e com as manifestações de fé, houve muitos agradecimentos e pedidos de socorro à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Assim foi a procissão realizada na Estrada Rodovia Parque Piraputanga MS450. Diante de tanto sofrimento, nosso povo busca forças na fé para continuar sobrevivendo!

Na homilia na última segunda-feira, dia 12, o arcebispo de Aparecida profetizou que: “há dragões, e dragões bravos que querem matar a vida, mas que Maria vença com a força da Palavra. E nós também iremos vencer esses dragões...”, por isso, com essa certeza, queremos repudiar e execrar a atitude da candidata a vereadora por Campo Grande, a Sra. Juliana Gaioso (PSL) que postou em redes sociais uma foto sua segurando a imagem de Nossa Senhora Aparecida juntamente com uma arma de calibre letal na outra mão, tendo sobre os ombros a Bandeira do Brasil e ainda pede “bênção” à mãe Aparecida, utilizando um refrão de uma canção da tradição católica.

À luz da nova Encíclica Fratelli Tutti, afirmamos com o Papa Francisco que se faz necessário desenvolver a não violência como espiritualidade estilo de vida: "aos cristãos que hesitam e se sentem tentados a ceder a qualquer forma de violência, convidamos-vos a lembrar este anúncio do livro de Isaías: «transformarão as suas espadas em relhas de arado» (2, 4). Para nós, esta profecia encarna em Jesus Cristo, que, ao ver um discípulo excitado pela violência, disse-lhe com firmeza: «Mete a tua espada na bainha, pois todos quantos se servirem da espada, morrerão à espada» (Mt 26, 52)".

A Comissão Regional de Justiça de paz da CNBB Regional Oeste I (CRJP) vem a público denunciar este gesto de apologia ao crime, abuso, uso indevido e vilipendioso de objeto de culto religioso e flagrante desrespeito a dor do povo que clama por vida aos pês de Nossa Senhora Aparecida, e solicita aos órgãos competentes que se promova a justiça.

Campo Grande (MS), 15 de outubro de 2020.

Subscrevem.
Comissão Regional de Justiça e Paz de Mato Grosso do Sul – CRJP-MS
Conselho Nacional do Laicato do Brasil Regional Oeste 1 – CNLB-O1
Irmão Silvio da Silva - Secretário Executivo da CNBB – Regional Oeste 1
Pe. Agenor CSSR
Núcleo da Rede Celebra de Campo Grande MS
Pastoral Carcerária
Comunidade Eclesiais de Base – CEBs Regional Oeste 1
Congregação Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida – Regional Centro Oeste
Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – CEBI-MS
Comissão Pastoral da Terra - CPT

(editada às 13h11 para acréscimo de informações)

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