TJMS ABRIL 2024
A+ A-

terça, 16 de abril de 2024

terça, 16 de abril de 2024

Entre em nosso grupo

2

Campo Grande

há 5 anos

A+ A-

Esposa de procurador que matou idosa ao volante sequer foi ouvida e põe culpa na vítima

Denúncia diz ainda que a motorista falava ao celular no momento do acidente

Um ano e quatro meses após atropelar e matar uma idosa de 91 anos no trânsito, em setembro de 2017, em Campo Grande, Cirlene Alves Lelis Robalinho, esposa do procurador de Justiça Gilberto Robalinho, não tem data para sentar no banco dos réus. A defesa dela alega que a culpa foi da vítima e nega que a cliente estivesse falando ao celular, mesmo com o depoimento categórico de uma das testemunhas.

A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Publico Estadual, que alegou que a ré foi imprudente e imperita ao conduzir um Fiat Uno Way e mudar de pista de direção. A denúncia diz ainda que ela falava ao celular quando atropelou Verônica Fernandes, na avenida José Nogueira Vieira, no bairro Tiradentes, em Campo Grande.

No entanto, para a defesa, que contratou até perícia particular, a culpa foi da vítima que desceu do ônibus, se desequilibrou e caiu no chão, sendo em seguida atingida pelo carro de Cirlene.

A família da vítima chegou a pedir para que o Consórcio responsável pelo ônibus onde Verônica tinha acabado de descer disponibilizasse as imagens das câmeras de segurança, no entanto não havia gravação do horário do acidente.

Idosa foi atingida na calçada pela mulher do procurador. (Foto: Wesley Ortiz)

Uma das testemunhas conta que desceu do ônibus junto com a idosa e conseguiu atravessar a rua primeiro. Ela viu quando Verônica ficou aguardando os carros passarem para atravessar em segurança. Na versão da mulher, um Fiat Uno branco veio em alta velocidade e mudou a direção para o meio-fio, acertando a vítima.

Ainda conforme a testemunha, foi possível observar que a motorista estava com o celular na mão. Mas, para a defesa, isso não ocorreu. O telefone de Cirlene foi periciado e, no período de uma hora, foram encontradas diversas chamadas feitas e recebidas, além de uma mensagem de texto. No entanto, o conteúdo dos aplicativos não pode ser extraído por falta de aparelho específico no instituto.  

Cirlene saiu do local com o rosto tapado e com ajuda de policiais. (Foto: Wesley Ortiz)

A perícia realizada no local apontou que Cirlene dirigia a cerca de 55 km/h, no sentido centro-bairro, quando, por motivos desconhecidos, invadiu a calçada do lado direito da via e atingiu a vítima. No entanto, para a perícia contratada pela vítima, a idosa é que invadiu a pista de rolamento, caiu e, aí sim, foi atingida pelo Uno de Cirlene, que seguia em linha reta.

A esposa do procurador relatou em depoimento à polícia, ainda no dia do acidente, que sofreu um ''apagão'' em razão de um problema de saúde e que não se recorda do momento em que atingiu a vítima.     

Nenhuma audiência do caso ocorreu nem está marcada até o momento. Cirlene foi denunciada por homicídio culposo na direção de veículo automotor.

Fraude?

Conforme a perícia relatou no processo, o carro de Cirlene foi retirado do local do acidente e prejudicou a perícia. O procurador Gilberto Robalinho disse à Polícia Civil que o carro foi retirado por um sargento, identificado apenas como Filho, que foi até a cena do acidente a pedido dele.  

Os militares alegaram que o clima estava tenso no local e que havia risco de agressões por parte de parentes da vítima. No entanto, no momento da retirada do veículo, havia um policial civil, Samu, Bombeiros e uma equipe da Polícia Militar.

O Ministério Público se resumiu a dizer que há uma investigação contra Robalinho por supostamente ter ordenado a retirada do carro da esposa, mas que está em sigilo.

Carregando Comentários...

Veja também

Ver Mais notícias