Laura Maria Alves da Silva, 40 anos, ficou três meses e cinco dias internada e venceu a Covid-19, em Campo Grande.
A Servidora Pública Municipal de Saúde diz que os primeiros sintomas eram de uma gripe, mas seu estado de saúde foi se agravando.
“A sensação era de gripe, trabalhei normal, mas falei para amigas no trabalho que queria gripar. No outro dia, dei uma melhorada, aí na sexta-feira veio dor no corpo, fraqueza, só queria ficar deitada. Até então não estava dando falta de ar, fui para o posto, fiquei em observação, mas voltei para casa. Fiz teste do cotonete, passei pelo médico, aí dois dias depois saiu resultado. Quando foi no dia 27 de novembro, eu não aguentei. Lembro que tomei um banho, saí do apartamento para o carro e parecia o fim, não aguentava olhar para sol. Foi me dando falta de ar, febre de 40 graus, fui para o Hospital das Clínicas”, relembra a servidora.
Ela destaca que chegou e recebeu a informação que poderia escolher alguém para ver, antes de ser entubada.
“Essa é a parte mais triste, eles perguntam quem você quer ver antes do procedimento. Quis ver minha namorada, ela voltou e vi ela. É como se estivesse se despedindo das pessoas, eu busquei ficar tranquila, graças a Deus, com pensamento sempre positivo. Não fiquei pensando muito, eu só lembro depois de ser extubada”, conta Laura.
Processo de entubação
Laura lembra que teve sonhos importantes durante os dias em que ficou entubada. Ela teve um sonho especial com a tia, que já é falecida.
“Sonhei com minha tia que faleceu em 2018, que ela tinha voltado. Que um caminhoneiro ligou e ela pediu para eu recebê-la. Quando cheguei lá, ela falava 'vem, que eu vim só para te abraçar'. Ela é um anjo da minha vida, ela cuidou de mim e sempre esteve comigo. Eu lembro que me preocupava dos familiares contarem para minha avó e ela ficar muito preocupada”.
Laura com Tia Teka - Arquivo Pessoal
CTI
Lauta afirma que viu muitas pessoas morrerem, mas mantinha a fé que ia conseguir vencer. “Passei por momentos tristes, por mais que sobrevivi, eu vi muitas pessoas morrendo do meu lado. Morria, davam banho, colocavam dentro de um saco preto. Eu sabia que tinha que me manter firme. Não foi fácil não”.
A tão esperada alta
A servidora faz questão de agradecer o apoio que recebeu no hospital e se emociona ao falar da surpresa que ganhou na hora de voltar para casa.
“Esse tempo todo eu tive lesão no corpo, tive a oportunidade de ser encaminhada para o São Julião, hospital referência em reabilitação, tanto das lesões, como do físico. Quero agradecer toda minha família, que ajudou ficando do meu lado, minha namorada Ana, que recebia as notícias do médico, ela é uma pessoa muito especial na minha vida, agradeço a Deus por ter ela”, afirma Laura.
Amigos, familiares e colegas de trabalho prepararam uma linda surpresa para Laura.
“Pessoal do meu trabalho, equipe de residência do hospital, minha família, foi muito emocionante. Eu estava muito ansiosa, principalmente para ver meus sobrinhos, gêmeos, estava morrendo de saudade deles. Passei por tudo isso, foi um processo bem delicado, ainda estou com a bolsa de colostomia e volto ao médico para fazer a reversão, mas vim para casa”.
Hospital São Julião
“Eu queria falar do São Julião, é uma benção de hospital, enfermeira Edvania que cuidou de mim. Ela e toda sua equipe de residentes, Doutora Débora, cuidaram com muito carinho de mim, fui muito bem recebida, muito bem tratada e minha despedida foi emocionante”, disse Laura.
Alerta
“Eu vejo muito que as pessoas brincam com isso, eu que trabalho com saúde, no meio de tudo isso, tomei todo cuidado possível e mesmo assim peguei. Contrai, não foi da forma mais simples, foi do estágio super avançado da doença, da pior fase da doença que eles consideram”, finaliza a vencedora.
