A semana começou preocupante para o prefeito Gilmar Olarte (PP). O impasse com servidores municipais da educação deixou mais de 103 mil alunos sem aula nesta segunda-feira (4). Em sinal de alerta, a categoria paralisou as atividades por um dia, mas não descarta estender a greve. Na quarta-feira, os médicos cruzarão os braços e o atendimeto a população será comprometido. Enquanto isso, Olarte afirma que suas equipes estão resolvendo a situação.
Os servidores da educação aguardam nova proposta do executivo até quarta-feira (6), mas prometem pressionar o prefeito pelo reajuste. Cerca de 90% das escolas municipais não abriram as portas. Sem os servidores, dificilmente as aulas retornarão.
“Nós estamos prontos para acampar na frente da prefeitura se for preciso. Eles não estão dando indícios de que farão uma proposta melhor, e nesse caso vamos parar por tempo indeterminado”, disse o presidente do Sisem (Sindicato dos Servidores Municipais de Campo Grande/MS), Marcos Tabosa.
(Foto: Geovanni Gomes)
A categoria, que não paralisava as atividades há 20 anos, exige pelo menos 10% de reajuste e ameaça entrar na Justiça contra Gilmar Olarte, caso haja a recusa no pagamento. “Ele diz que a prefeitura está sem dinheiro, nós não queremos saber disso. Queremos que ele cumpra com a lei”, disse Tabosa.
Além do reajuste mínimo de 10%, os trabalhadores também querem que benefícios que complementam a renda, sejam anexados ao salário base, cerca de R$ 800. O plano de cargos e carreira é outro pedido antigo dos servidores.
De acordo com os servidores, as reivindicações foram enviadas à secretária Ângela Brito há quase dois anos e nada foi feito. “Agora ela pede exoneração para não ter que negociar com a gente. É bem o modo como eles agem, sem surpresas para nós”, disse o presidente do sindicato.
A merendeira Marcina Vilhalba, 57 anos, atua a mais de 25 anos na rede municipal de educação e disse nunca ter visto tamnho caos. Além de questões salariais e de condições de trabalho, Marcina denuncia a qualidade dos produtos fornecidos para os estudantes. “Trabalho diretamente com a merenda e nunca vi um descaso tão grande desse. Nos mandam produtos da pior qualidade para servir para as crianças”, disse.
Já Ione Vila Nova Machado, 54 anos, trabalha como cuidadora de crianças de 3 a 7 anos e reclama que as atividades exercidas pelos profissionais são, muitas vezes, as mesmas, no entanto com salários diferentes. “Virou uma bagunça muito grande dentro das escolas. Existem funções iguais com nomes e salários diferentes. Isso nos prejudica muito. É muito injusto”, disse.