Além da greve que aconteceu neste ano, com as aulas paralisadas por mais de duas semanas, os pais dos alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino) estão com medo de passar novamente por uma situação "tradicional" nos últimos dois anos em Campo Grande: não receber os kits escolares no início do ano letivo. O erro administrativo se repetiu em 2013 e 2014, quando os uniformes e materiais escolares foram entregues quase seis meses após o início das aulas.
"Nós já ficamos com o problema da greve dos professores, onde meus filhos vão ficar de férias somente no final de dezembro. Acho que a prefeitura tinha que se organizar melhor com os uniformes e os kits. Se o filho estuda em escola pública é porque os pais não tem condições de comprar muitas roupas e material escolar. Como enrolam acho que vai acontecer como aconteceu no começo deste ano, onde precisei me virar para comprar", desabafa Maria Carolina de Souza, mãe de dois filhos que estudam em uma escola da Reme.
A secretária Municipal de Educação de Campo Grande, Ângela Maria de Brito afirmou no último dia 6 de novembro, que o problema da greve foi ocasionado pela administração anterior, de Alcides Bernal, que provocou, ainda segundo ele, um prejuízo de R$ 380 milhões e, em função disso foram necessários reajustes para que os compromissos fossem honrados.
Porém, até o momento, com quase nove meses com o comando do prefeito Gilmar Olarte, do PP, o município ainda não completou a licitação para compra dos uniformes e materiais escolares para 2015. Assim, o próximo ano pode começar com mais dor de cabeça para pais de alunos da Reme.
Sobre a greve dos professores, encerrada há 15 dias, Ângela Maria ainda salientou que o valor pago era de R$ 1.567, por 20 horas/aula relatando que a prefeitura já pagava um bom salário, e apresentou planilhas que mostravam que a renda média da categoria é de R$ 2.582,86.
Segundo outra mãe, Helena Regina Souza de 36 anos, a prefeitura precisava se antecipar com a questão dos uniformes e pagar um salário digno para os professores.
"Eles devem saber quantos alunos existem nas escolas, porque se for esperar pelas matrículas, vai acontecer igual aconteceu neste ano. As crianças vão ficar sem uniformes, sem kits escolares e também deveriam pagar bem os professores, pois são eles que fazem um mundo melhor e educam nossos filhos", disse.
A equipe de reportagem tentou entrar em contato com a Prefeitura Municipal de Campo Grande, mas até o fechamento desta matéria, não tivemos uma resposta.
Greve
Os professores da Reme suspenderam as aulas durante aproximadamente duas semanas. A categoria pedia o cumprimento da Lei 5.189, de 2013, que determina a integralização do piso salarial municipal, que atualmente é de R$ 1.564,97, ao piso salarial nacional, de R$ 1.697,37.