O procurador de justiça Miguel Viera, suspeito de estar envolvido na 'Operação Urugano' da Polícia Federal, continua recebendo um salário de R$ 33.822,92 mensalmente, conforme divulgado no Portal da Transparência, do Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul. O procurador chegou a ser afastado do cargo, mas conseguiu reverter a situação na Justiça.
Miguel Vieira foi um dos nomes citados no maior escândalo político da história de Mato Grosso do Sul. O suposto esquema de distribuição de dinheiro em MS foi denunciado em 2010. Na época, o então deputado estadual Ary Rigo, do PSDB, que não sabia que estava sendo gravado, revelou detalhes da distribuição de dinheiro.
Quem gravou a conversa foi o então secretário municipal de Dourados Eleandro Passaia, o mesmo que denunciou o esquema de pagamento de propina na cidade, onde 28 pessoas foram presas.
No vídeo, o deputado revelou que a Assembleia Legislativa devolvia para o Governo parte do dinheiro do repasse para custeio. Ele citou o nome "André", e na conversa dá a entender que é André Puccinelli, do PMDB, governador do Estado na época.
"Nós devolvíamos R$ 2 milhões para o André, R$ 900 mil para dar para os desembargadores do Tribunal de Justiça e R$ 300 mil para o Ministério Público”, disse Ary Rigo.
Outro pagamento teria sido para barrar a prisão do então prefeito de Dourados na época, Ari Artuzzi em uma outra investigação de 2009.
"Você dá R$ 300 mil para o Ministério Público, seguramos tudo. Agora, se ele cometer alguma besteira, aí eles vão para cima, por que eu não tenho mais como dar dinheiro. Não tenho", diz o deputado Ary Rigo.
Quando o escândalo 'explodiu' Miguel Vieira negou o esquema de distribuição de dinheiro no Estado, porém a irregularidade foi reconhecida por um órgão colegiado nacional: o pleno do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), que condenou o ex-procurador Geral, Miguel Vieira, a pena de demissão. Entretanto, até hoje as denuncias não foram efetivamente investigadas em MS, estado de origem.
Mesmo assim, Miguel Vieira segue normalmente com os vencimentos mensais no MPE, como revelado pela própria instituição.