O Pantanal vive, em 2024, um de seus piores momentos ambientais. Segundo o relatório anual do MapBiomas, este ano já é marcado pela terceira maior queimada da história do bioma, com um aumento de 157% na área queimada em relação a 2023. O avanço do fogo reforça uma tendência alarmante: as queimadas estão se tornando mais intensas, frequentes e destrutivas.
Ao longo de quase quatro décadas, mais de 9,3 milhões de hectares do Pantanal foram consumidos pelas chamas, área equivalente a aproximadamente 90 mil campos de futebol. Desses, 93% correspondem a vegetação nativa, incluindo campos naturais e áreas alagadas, altamente vulneráveis após os períodos de seca.
Corumbá lidera em área devastada no país
Entre os municípios brasileiros, Corumbá (MS) ocupa o topo do ranking nacional, com 3,8 milhões de hectares queimados desde 1985. A cidade concentra boa parte dos incêndios de grande escala que castigam o Pantanal e simboliza a dificuldade de conter o fogo em regiões remotas, de vegetação densa e de difícil acesso.
O relatório também destaca que 19,6% das áreas queimadas ultrapassam os 100 mil hectares, o que revela a intensidade e a extensão dos focos de incêndio. Em muitos casos, a infraestrutura de combate é insuficiente diante da magnitude das chamas.
Outro dado preocupante é que 72% da vegetação afetada já foi queimada mais de uma vez. Esse ciclo contínuo compromete seriamente a capacidade de regeneração da flora local, um fator crucial para a manutenção da biodiversidade pantaneira.
Embora o fogo faça parte do ciclo ecológico do Pantanal, especialistas alertam que a combinação entre mudanças climáticas e ações humanas tem acelerado e ampliado os impactos dos incêndios. O período mais crítico ocorre entre agosto e outubro, com estiagem intensa, baixa umidade e temperaturas elevadas.
De acordo com Eduardo Reis Rosa, do MapBiomas, as áreas que antes eram alagadas torna-se combustível seco durante a seca, facilitando a propagação do fogo. Ele também aponta que a repetição anual dos incêndios enfraquece progressivamente a vegetação nativa, tornando o bioma mais frágil e suscetível a colapsos ecológicos.
No panorama nacional, o estado de Mato Grosso do Sul aparece como o oitavo mais afetado em termos de área queimada acumulada entre 1985 e 2024, com 10 milhões de hectares devastados.