A prefeitura de Campo Grande é acusada de descaracterizar a fachada do Parque Florestal Antônio Albuquerque, o chamado Horto Florestal, no centro de Campo Grande. Abandonado, o local fechou para manutenção depois que um corpo foi encontrado por lá, porém as mudanças não respeitaram o projeto original, premiado internacionalmente.
As alterações surpreenderam o arquiteto Elvio Garabini, autor do projeto. Ele chegou a ser procurado pela atual administração municipal no ano passado, para orientar as reformas que seriam feitas. "A assessoria da primeira-dama (Andreia Olarte) comentou que o Horto estava descuidado e que me procuraria para fazer as alterações", explica
Porém, sem qualquer aviso, as manutenções se iniciaram no local. A tradicional fachada de tijolos avista foi pintada de amarelo e as grades, antes verdes para dialogar com a paisagem natural, foi pintada de azul. "Eu não cobraria nada por um consultoria", afirma o arquiteto
Conforme o arquiteto, os tijolos foram escolhidos justamente pela facilidade de conservação. "Sabemos que órgão público demora muito para fazer a manutenção", explica. O material exige apenas o lixamento, caso haja algum dano, como sinais do tempo e até pichação.
O arquiteto ficou sabendo da intervenção apenas pelas redes socias, onde outras pessoas compartilharam a indignação. Membro do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o arquiteto Angelo Arruda foi um dos que reprovou a ação. "Não basta apenas boa intenção, mas também técnica correta", explica.
Arruda defende que qualquer intervenção em locais público deve ter a consulta de um profissional, em especial o responsável pelo projeto. Ele lembra ainda que a prefeitura tem cerca de 80 arquitetos.
O arquiteto lembra outros casos do tipo ocorrido na Capital, como a pintura da Escola Maria Constança Barros Machado. O local, projetado por Oscar Niemeyer, recebeu uma cor salmão em lugar do tradicional branco. "O edifício público tem uma identidade com seu projeto arquitetônico não adianta marcar a gestão com uma cor que é efêmera", relembra.
Tombamento
Desde o ano passado, o local passa por processo de tombamento histórico, paisagístico e cultural do município de Campo Grande. O vereador Eduardo Romero (PTdoB) propôs a medida, considerando a importância da preservação para o meio ambiente e memória histórica do patrimônio.
Na época, a Fundação Municipal de Cultura (Fundac), o ato estava em fase de elaboração do Laudo Circunstanciado de Avaliação do Bem.