Luciano Huck. Apresentador de sucesso, 46 anos, rico, filantropo, esposo da Angélica, uma das figuras mais conhecidas do Brasil e, você sabendo ou não, hoje pré-candidato ao Palácio do Planalto. Com apoio declarado do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e – não tão declarado assim – da Rede Globo de Televisão, Huck pode entrar sim na disputa eleitoral. Tentar ignorar esse fato só aumenta sua repercussão.
Em uma política que chafurda no lixo, um Judiciário que faz às vezes de Executivo, e um sistema desacreditado pela população, o nome de Huck é o viés populista da vez. Ele ‘vende’ a imagem do empresário de sucesso, ligado com o povo, e que não precisa ganhar dinheiro, logo não vai roubar. Imagem semelhante à que levou Fernando Collor de Mello ao comando da nação no final dos anos 80.
E, assim como o presidente ‘impeachmado’, Luciano conta com a benção da maior empresa brasileira, no quesito influência: a vênus platinada, Rede Globo de Comunicação. Funcionário há décadas do canal televisivo, a ligação entre as partes é umbilical. E como a Globo não fica longe do poder desde a ditadura militar, é só mais um passo fazer um presidente ‘seu’ mesmo...
O momento é propício ao apresentador. A praticamente certa ilegibilidade – quiçá prisão – de Lula, abre o coração de grande parte da população carente a um novo nome populista (e ninguém aqui quer comparar os dois em nenhum aspecto possível). Junte a isso a rejeição de parcela da população ao dito extremismo de Jair Bolsonaro e os fracos candidatos apresentados pelo PSDB e MDB e temos sim um caldeirão fervente que transforma Huck em um verdadeiro player na eleição.
Mas, possibilidade de ser candidato ou eleito não é a certeza do mesmo. Muito menos garante um imaginário bom governo. Já que o Brasil ainda lembra bem (ou não?) da gestão de Collor...
Porém, se negar a aceitar a possibilidade de uma candidatura de Huck é fechar os olhos para a realidade. Uma realidade tenebrosa, é verdade, mas mesmo assim uma realidade.
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