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Fernando Fenero

Museu Videogame Itinerante: sucesso não reconhecido em Campo Grande

11 julho 2017 - 06h11

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O personagem principal dessa história é Cleidson Lima, jornalista com mais de 20 anos de carreira e colecionador de videogames. Tão colecionador que chegou a ter mais de 200 console em casa, a ponto de sua esposa dar um basta: “ou faz algo com isso, ou vai tudo para o lixo”. 





Eles fizeram algo, e com essa coleção e um trabalho enorme, fizeram o que viria a se transformar em algum tempo no Museu do Videogame Itinerante. Nascido aqui em Campo Grande, o Museu contava com centenas de videogame, sendo alguns disponíveis para jogar, campeonatos de vários jogos, concursos de Cosplay, campeonatos de dança (Just Dance) e inúmeras outras atrações. 



Janaína Ivo e Cleidson Lima na E3: eles são as cabeças pensantes por trás do Museu do Videogame Itinerante




Foram 4 edições por aqui, uma no Shopping Campo Grande, onde de cara já conseguiram um público de 70 mil pessoas, depois edições no Norte Sul Plaza e duas no Shopping Bosque dos Ypês, onde o sucesso foi tão grande que o publico desabasteceu o Walmart que na época ainda funcionava.

O sucesso pode ser explicado com facilidade: os jogos e eventos do Museu atraiam desde crianças até os avôs que sentiam nostalgia de rever seus brinquedos de infância.

Então como um case de tanto sucesso como esse, começou a correr o Brasil inteiro e nunca mais aconteceu em Campo Grande? 





A resposta para isso é amarga: faltou respeito e apoio. Respeito porque o idealizador do evento teve que ouvir de figuras públicas do município e do estado que o Museu não era atividade cultural, mesmo tendo recebido prêmios do Ibram (Instituto Nacional de Museus) e recomendação da presidência do Louvre (sim, do inquestionável museu de arte francês). 





O desrespeito não parou por aí, a falta de apoio de um dos Shoppings foi defendida pelo fato de que o Museu atraia muito público, por mais absurdo que pareça: o Shopping parece não estar interessado em eventos que atraiam consumidores (o que talvez explique a quantidade de lojas fechadas por lá). 



Sucesso absoluto em dezenas de Shoppings pelo país.




Cleidson não parou por causa disso, via as possibilidades do negócio e continuou trabalhando e investindo, e hoje em dia tem uma agenda lotada até o fim de 2018, com o negócio faturando anualmente na casa dos milhões. Milhões são também a quantidade de visitantes do Museu, quebrando recordes entre os museus brasileiros, com números espantosos em Recife-PE. Já no Rio de Janeiro, o público foi tão grande que a praça de alimentação ficou completamente consumida (sabiamente o Shopping em questão fechou contrato por mais dois anos depois disso). O Museu está atualmente sem previsão de voltar para casa, e Campo Grande vê um negócio criado aqui (um dos maiores sucessos comerciais dos últimos anos) brilhar em várias outras capitais e sendo reconhecido por entidades públicas e privadas do Brasil e do Mundo.





A questão é: até quando vamos ser a capital do gado e do sertanejo? Será que o poder público só vai apoiar esse tipo de evento, relegando todo o resto da cultura?

Para quem acha que eu possa ter exagerado nos números e nas informações, o ótimo jornalista Ogg Ibrahim fez uma entrevista com Cleidson Lima no seu programa semana passada, e está disponível no Youtube.





 





Finalizo perguntando para o leitor: será que não está na hora de mobilizarmos para pedir a volta do Museu do Videogame Itinerante em Campo Grande? E digo que se fizermos isso, estamos fazendo um favor para o Shopping que recebe-los.