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CORONAVÍRUS

Advogado perde dois irmãos para covid-19 e deve R$ 180 mil para hospital particular

A crise com a falta de leitos e a chamada ‘segunda onda’ da covid-19 têm impacto psicológico e financeiro na vida dos brasileiros; situação é mais crítica em Manaus

21 janeiro 2021 - 10h44Por Diana Christie

A crise com a falta de leitos e a chamada ‘segunda onda’ da covid-19 têm impacto psicológico e financeiro na vida dos brasileiros. A situação é mais crítica em Manaus, no Amazonas, onde o advogado Amaury Andreoletti perdeu dois irmãos para a doença e ainda ficou com uma conta de R$ 180 mil de um hospital particular.

A história foi contada à BBC News e replicada pela Uol. Andreoletti conta que chegou a ficar quatro dias internado e se recuperou para encarar, simultaneamente, os cuidados com a hospitalização da mãe, da irmã e do irmão, todos positivos para o novo coronavírus.

A mãe teve alta após quase duas semanas no hospital estadual Delphina Aziz. A irmã, que teve crises de pânico na UTI superlotada do mesmo hospital, não resistiu no último dia 13. Quatro dias, no último domingo, foi a vez do irmão, que não conseguiu vaga na rede pública e estava há 18 dias em um hospital particular.

Conta hospitalar

Irmão do advogado, o ex-jogador da seleção amazonense de pôquer Victor Hugo Andreoletti, foi internado na véspera da noite de Réveillon, quando quase já não havia vagas na rede pública. O valor das diárias na UTI é de R$ 10 mil, que resultou na dívida de R$ 180 mil.

"Meu irmão era o 59º na lista de espera do Estado. Ficamos aguardando, meu irmão esperando um leito, e o quadro só se agravando. No dia 30, conseguimos um leito para ele em um hospital particular. Eu tinha ido a todos os hospitais e nenhum tinha vagas. Quando essa apareceu, tivemos que fazer o esforço para colocar ele lá", conta Andreoletti.

Amigos e familiares fizeram campanhas nas redes sociais para ajudar, mas ainda está longe do valor total. "Venho vendendo carro, imóveis. Hoje eu não tenho um aporte para fazer. [...] Neste momento, estou chegando na casa da minha tia para deixar documentos para que ela faça um financiamento para ajudar a pagar as diárias do meu irmão", diz.

Em luto, o advogado tem dado prioridade à mãe, Leide, que perdeu dois filhos menos de uma semana após sair do hospital. "Mamãe conseguiu 'falar' com ela por videochamada e orientou, pediu para ela ter calma, para ter fé em Deus que tudo aquilo ia passar. Nesse mesmo dia minha irmã faleceu". "Somos só três filhos: eu, o Victor e a Gabriela. A barra da minha mãe é muito maior que a de todos nós", diz.

Andreoletti lembra que ainda tem tios e primos lutando contra o coronavírus e ressalta que toda a família sempre respeitou orientações de médicos e cientistas para o controle da pandemia, como usar máscaras em locais públicos, lavar as mãos frequentemente, manter distância de outras pessoas e ficar em casa o máximo possível.

"Se pudesse aconselhar e se me ouvissem, pediria realmente que fiquem em casa. Só sair quando for extremamente necessário, quando você perde um conhecido ou um amigo que você não tem afinidade, não bate. A realidade só bate quando você perde um ente querido", afirma.