O trabalho das comitivas pantaneiras é rústico e extremamente necessário para os produtores rurais, principalmente no Pantanal, por questões econômicas e de logística. Embora as rodovias estejam repletas de caminhões boiadeiros, para muitos fazendeiros o uso da comitiva é a única alternativa no manejo. “A escassez de estradas e os regimes de cheia e seca, próprios da planície pantaneira, tornam esse trabalho imprescindível para não haver prejuízos com a perda do rebanho”, justifica o fazendeiro Paulo Goulart, proprietário de terras às margens do Rio Paraguai.
A realidade dos peões que passam meses fora de casa é retratada no livro-reportagem “Viagem a Bordo das Comitivas Pantaneiras”, da jornalista Débora Alves. A obra é resultado da vivência da jornalista que acompanhou a Comitiva Nova Esperança por 12 dias, dormindo em rede, tomando água de rio, sem falar das chuvas e do sol quente, que se alternavam constantemente durante os dias de viagens. A autora também dedica um capítulo a Comitiva Bagual, um tipo especializado de comitiva destinada a recolher, em grandes invernadas, o gado xucro, arredio que se perdeu da boiada ou que nasceu longe e foi criado solto por muito tempo sem manejo.
O livro com 192 páginas e dezenas de fotos recebeu apoio financeiro do Fundo de Investimentos Culturais - FIC/MS, da Fundação de Cultura do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e será lançado no dia 11 de dezembro, a partir das 19 horas, no Firula’s Café, na rua Euclides da Cunha, 1102, Jardim dos Estados em Campo Grande/MS.
O lado exaustivo das comitivas também foi relatado pela jornalista, já que a jornada de trabalho dos peões pantaneiros naturalmente pode ultrapassar dez horas por dia. “Eles dependem da luz do sol, acordam por volta das 4h30 da manhã, tomam café, buscam a tropa, arrumam as tralhas e seguem viagem com o gado. A pausa para o almoço dura uma hora e já tem que seguir a marcha, porque os animais precisam ser recolhidos no mangueiro ou em local seguro antes do anoitecer”, constatou a jornalista.
Quando estão fazendo o transporte do gado - em média 1200 cabeças - não é possível gozar de folga durante a semana, e nem mesmo de feriados, eles chegam a ficar de dois a três meses seguidos na estrada. Essas particularidades do mundo pantaneiro e as encantadoras paisagens do Pantanal estão presentes na obra. “Quando propus acompanhar uma comitiva, teve gente que não acreditou que eu iria aguentar a rotina dura, sem o conforto de casa, além disso, sendo a única mulher da comitiva, em meio a sete peões. Mas o Pantanal sempre me fascinou. Não pensei, em nenhum momento, em desistir e hoje posso dizer que foi uma das experiências mais importantes da minha vida”, relata a jornalista.
Serviço: O livro-reportagem “Viagem a bordo das comitivas pantaneiras” será lançado no dia 11 de dezembro, a partir das 19 horas, no Firula´s Café (Rua Euclides da Cunha, 1.102 - Jardim dos Estados).