Menu
sexta, 29 de março de 2024 Campo Grande/MS
MULHER GOV MS
Economia

Governo não tem culpa de gasolina cara em MS, dispara sindicato de fiscais tributários

Em 18 meses, a variação do barril do petróleo atingiu 290% e gasolina alcança R$ 6,53 em novembro

11 novembro 2021 - 17h00Por Rayani Santa Cruz

O Sindifiscal-MS (Sindicato dos Fiscais Tributários Estaduais de MS) apontou que a "culpa" pela gasolina cara não é do Estado, e sim da Petrobrás, após equipe do Observatório Econômico analisar dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo). O conteúdo mostra que o alto valor dos combustíveis aos consumidores está ligado, principalmente, ao preço do barril do petróleo que sofreu uma variação de 290%.

A análise desmistifica a falácia de que o culpado pelas altas consecutivas no preço seria exclusivamente o ICMS, um tributo estadual, que em Mato Grosso do Sul, por exemplo, está congelado há nove meses.

Preço nas alturas

Em novembro, o preço médio da gasolina comum no estado para o consumidor final alcançou R$ 6,53 o litro, um aumento de 37,85%, em relação a janeiro deste ano quando o combustível custava, em média, R$ 4,73%.

A explicação, conforme a equipe de analistas do Sindifiscal/MS, está no “Fator Petrobrás”, que representa a relação entre o “preço-Petrobras” do combustível e o preço ao consumidor final na região Centro-Oeste. Conforme Clauber Aguiar, fiscal tributário estadual e diretor do Observatório Econômico, 1% de aumento do combustível no “preço-Petrobras” acarreta elevação de 0,61% no preço ao consumidor. “Esse impacto não é observado nas bombas, uma vez que proporcionalmente não houve reajustes nas margens de distribuição e revenda”, explicou o diretor.

(Foto: Sindifiscal-MS)

O barril é o vilão

Conforme o Sindifiscal-MS, o grande vilão da alta no preço dos combustíveis, segundo o estudo, é o valor do barril de petróleo. Em outubro deste ano, o barril de petróleo Brent apresentou crescimento de 12,81% em relação ao mês anterior, atingindo US$ 82.12. A pandemia fez a demanda por combustíveis cair e o barril do petróleo sofreu desvalorização. O produto chegou a custar em torno de US$ 21.04 em abril de 2020.

“Com a gradual retomada das atividades pós isolamento social e a baixa na produção do petróleo, o preço do barril aumentou. Em outubro de 2021 o barril já custava US$ 82.12, apresentando crescimento total de 290,33% em relação ao preço de abril de 2020. Apesar disso, o preço médio da gasolina no Brasil apresentou crescimento em quase todos os meses de 2021, com preço máximo de R$ 7,88 em outubro para o consumidor final.

Formação do custo da gasolina

Ainda segundo o sindicato, no Brasil, referente à gasolina comum, baseado nos exercícios do primeiro semestre de 2021, a composição do preço do consumidor está relacionada ao Preço-Petrobras de Gasolina “A” (em média 33,5% do preço ao consumidor), Preço do Etanol Anidro, Tributos Federais, Tributos Estaduais (ICMS) e Margem Bruta de Distribuição + Revenda.

Na composição do preço do diesel B S500, o fator de maior participação também é o Preço-Petrobras do Diesel A S500, o qual representou em média 53,2% (de janeiro a junho de 2021) na composição do preço do consumidor nas vendas do diesel. Concomitante a isso, o preço médio do diesel no MS apresentou crescimento total, no comparativo entre os meses de janeiro e junho de 2021, de 32,52%.

Dólar alto

Outro agravante para o aumento na bomba foi a valorização do dólar em relação ao real. Em setembro deste ano a taxa de câmbio era de 5,47 do real em relação ao dólar, fechando outubro com crescimento de 3,74% em relação ao mês anterior, totalizando 5,64. Em janeiro de 2020 a taxa de câmbio era em torno de 4,27 (atingindo, em outubro deste ano, um crescimento total que representou 32,17% em relação a janeiro de 2020). Com isso, a gasolina comum no Brasil apresentou crescimento total de 52,19% em outubro de 2021 em relação ao mesmo mês de 2020.

“As altas variações no preço do barril de petróleo causadas pela pandemia e pela desvalorização cambial são responsáveis por esse persistente aumento nos preços dos combustíveis brasileiros. Pois, por se tratar de uma commodity importada pelo Brasil e negociada em dólar, com a desvalorização do real, o custo da matéria prima sofre grande aumento, o que impacta no preço do consumidor final”, conclui o estudo.