Projetos de lei sobre semanas de conscientização e meses alusivos para trabalhar temas importantes para a sociedade como o “Agosto Lilás”, “Outubro Rosa”, "Setembro Amarelo" ou “Novembro Azul” causam divergência de opiniões entre os campo-grandenses.
Existem pessoas que concordam com os projetos e outras que não enxergam utilidade, que consideram perda de tempo dos parlamentares. O Pl mais recente é do deputado Marçal Filho (PSDB), que apresentou a ideia no final do mês de agosto. O projeto visa criar o “Agosto Cinza” para alertar sobre incêndios e prevenção de queimadas.
Para o parlamentar Herculano Borges (SD), criador do "Maio Laranja, Contra o Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes”, o mês alusivo é fundamental, pois incentiva vítimas a denunciar agressores.
Já Silvana Neiva, 41 anos, dona de casa, diz que esse tipo de projeto não tem resultado algum e não muda a vida do cidadão. “Na realidade eles estão criando vários meses copiando as primeiras ideias como o “Outubro Rosa” ou “Novembro Azul” porque eles [deputados] não tem criatividade para criar leis que realmente funcionem para a população. Eu não vejo resultado algum nisso”, diz.
Discussão de tabus
Para o jornalista Flávio Veras, 34 anos, é essencial o trabalho com temas “tabu” para conscientização da população. “Esses meses de alerta são muito importantes, pois colocam em evidência assuntos polêmicos ou tabus em nossa sociedade, como, por exemplo, o suicídio e a violência contra a mulher”.
Para Veras, em meses alusivos diversos especialistas e o Poder Público se dedicam em ações referentes ao tema, expondo nos meios de comunicação e mídias sociais as temáticas.
O aposentado da Marinha, Idalício Fernandes dos Santos, 54 anos, é a favor dos projetos, principalmente esse referente ao mês de agosto, quando os números de queimadas aumentam. “É necessário! Ainda mais no mês que o MS mais sofre com os incêndios. Trabalhei alguns anos na região do Pantanal, em lugares distantes, e mesmo assim, no mês de agosto, principalmente, as queimadas são avassaladoras por conta da baixa umidade do ar”, explicou.
Para ele, se o projeto "Agosto Cinza" for levado a sério pelos políticos, existe um benefício ao cidadão.
Menos datas e mais educação
O empresário Elias Ferreira diz que, infelizmente, o brasileiro se acostumou a ter motivos para fazer algo, com datas focadas em função desse conjunto de meses estimulado por calendários.
“As propostas são viáveis e até plausíveis de elogios, mas, em regra geral, todas as questões que envolvem a vida cotidiana devem ser via educação e não motivacional. Infelizmente as datas dos calendários se tornam muito mais motivacionais e não educacionais. Deveria ser ao contrário”, explicou.
Contra, Sandra de Abreu, 46 anos, disse que a maioria das pessoas não toma consciência com as propagandas ou cores expostas nos prédios. “Não acredito na utilidade real, tem meses e assuntos que são mais marcantes e até pode ser que chamem mais atenção, mas a gente vê um monte de semana. É tanta coisa que a gente nem lembra. Muda quem quer mudar, não é o mês que influencia”, diz a auxiliar de serviços gerais.