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28/05/2018 14:26

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Em MS, universidade torna possível doação do próprio cadáver para a ciência

Programa da UFMS avança contra tabus e burocracia em prol da humanização e redução de erros médicos

E se, ao invés do cemitério, o seu corpo for destinado a fins educacionais em uma universidade? A questão, permeada por tabus e dúvidas, surge para boa parte das pessoas ao lerem a proposta, que pode ser uma opção possível em breve em Mato Grosso do Sul.

Após quase dez anos, começa a sair do papel o Programa de Doação de Corpos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que está em fase final de implantação. Ainda é preciso estabelecer contrato de transporte, disponibilizar informações e formulários na internet e capacitar pessoas do laboratório para orientar a demanda de doadores.

Mais humanização e menos erros médicos são efeitos comprovados de estudos com cadáveres reais, cita a professora e coordenadora do setor de anatomia da universidade, Jussara Peixoto Ennes. Todos os cursos da área da saúde, como medicina, odontologia, farmácia, enfermagem, nutrição, psicologia, biologia, entre outros, serão beneficiados.

“Além da questão humanizadora, são muitos detalhes, as variações anatômicas não se comparam a qualquer dispositivo tecnológico, por mais sofisticado que seja. Existem estudos longitudinais, que mostram que o uso inclusive diminui erros médicos”, diz.

Museu de Anatomia da UFMS. (Foto:UFMS)

Falta de material

Ela explica a necessidade do programa, já que de uns dez anos para cá, no Brasil todo, surgiu essa crise da dificuldade do direcionamento dos ‘corpos não reclamados’, os chamados ‘indigentes’. Um pouco por preocupação com o cumprimento da lei, ou outras questões de ordem prática de todo tipo.

“Esse material nos era fornecido décadas atrás, através do corpo não reclamado, que seriam os indigentes. Há uma legislação nesse sentido, a família da pessoa deve ser procurada através de comunicados no jornal de maior circulação da cidade por trinta dias e, somente se nenhum familiar se manifesta, aí sim o corpo poderia ser encaminhado para uma instituição em que há o curso de medicina”, sintetiza.

Doação

No hemisfério norte, universidades venceram essa dificuldade com programas de doação, quando a pessoa expressa voluntariamente, em vida, que quer doar. Para isso, precisa preencher uma série de formulários com testemunhas que também assinam o documento, registrado em cartório. O registro é uma forma legal de provar a intenção.

Se a pessoa não expressa em vida a intenção, após sua morte, a família de primeiro e segundo grau pode decidir. A documentação completa e registrada, conforme a lei, é exigida da mesma forma.

No momento em que acontece a doação, interessados que entram em contato com a universidade recebem todas as orientações, e até mesmo acompanhamento até o cartório. O transporte até a universidade pode ser feito após cerimônia fúnebre, conforme a família decidir.

Museu de Anatomia 

Há outros programas que mostram como esse material é importante, como o Museu de Anatomia da UFMS, em Campo Grande.  Há um acervo restrito à mostra, pois aumenta o número de alunos, mas não de material, portanto há um desgaste dos limitados objetos de estudo.  

O museu foi montado para demonstrar parte da habilidade do técnico Valfrido Santos, responsável pela preservação desses corpos, como parte de ações amplas, como mostras expandidas. Assim, estudantes e pessoas fora da comunidade acadêmica podem ver o material de anatomia.

“É bem enriquecedor, não só pelo aspecto da curiosidade, mas do potencial de estudos que podem ser feitos através desse acervo, de diferentes linhas. Além disso, pode despertar em um jovem a vontade de cursar áreas específicas na universidade”, pontua a professora.

Saiba mais clicando neste link.

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