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Filha de violeiro faz prova durante velório do pai, passa e dedica vitória ao eterno Ivo de Souza

Ela fez a prova da OAB e voltou a tempo para o sepultamento do artista

13 novembro 2019 - 07h00Por Dany Nascimento

Pela ordem natural da vida, os pais se vão antes de seus filhos, mas receber a notícia de falecimento dos genitores é um dos piores momentos da vida. No caso da funcionária pública municipal Lidiane Cecília da Fonseca Alves de Oliveira, 33 anos, a notícia do falecimento do pai, o violeiro Ivo de Souza, 73 anos, veio um dia antes da grande festa de aniversário do artista e no dia da prova da OAB/MS.

Ivo faleceu no dia 19 de outubro de 2019, vítima de um acidente de carro. Para a filha, o fim de semana que seria de sorrisos pelo aniversário de 74 anos do pai se tornou escuro.  

“No dia 19, eu cheguei na casa da minha mãe e minha irmã veio no portão perguntar se eu estava bem. Eu não entendi o porquê e ela falou que não tinha certeza ainda, mas parecia que meu pai tinha sofrido um acidente e que teria sido fatal. Até a confirmação, eu preferia não acreditar que tinha sido ele, mas infelizmente, pouco tempo depois, confirmaram que realmente tinha acontecido e que ele tinha falecido. Em toda minha vida eu imaginei que eu não suportaria perder meu pai, era uma coisa que eu não gostava nem de pensar”, diz a filha de Ivo.

Lidiane relembra que tinha dito ao pai que não poderia comparecer à festa de aniversário, porque tinha a prova da OAB para fazer. “A prova da ordem seria no dia 20, mesmo dia do churrasco de comemoração do aniversário dele, que ele fazia todo ano. Falei para ele que não iria no churrasco porque eu ia fazer a prova, ele me disse que, por esse motivo, ele ficaria feliz com a minha ausência, que era para eu ir e passar logo porque ele queria aposentar e estava na hora de eu sustentar ele (risos). A primeira vez que ele me perguntou sobre a prova da OAB, eu falei que ia estudar para fazer, mas que era bem difícil e que a última prova teve 80% de reprovação, aí ele me disse que eu faria parte dos 20% porque eu era filha dele, tinha que ser inteligente”.

Ao se lembrar das palavras do pai, Lidiane ergueu a cabeça, se ausentou do velório e foi para o local da prova, sem saber se conseguiria chegar a tempo no sepultamento de Ivo. “Eu realmente não sei como eu consegui ter condições de fazer a prova, minha cabeça estava lá no velório, eu só queria terminar e sair dali porque eu não sabia se eu chegaria a tempo para enterro. No final, cheguei a tempo para me despedir do 'veio'. Eu achava que tinha ido muito mal na prova. No dia que eu vi que tinha conseguido passar, eu chorei demais, eu tive a sensação de dever cumprido. Eu fui fazer a prova por ele, e eu consegui passar por ele também. Até hoje minha ficha ainda não caiu de que aconteceu isso com ele. Às vezes penso nele e me dá um susto de lembrar que ele morreu. Não sei se eu vou me acostumar com isso, parece que a qualquer momento eu vou ver ele de novo e ganhar aquele abração bem apertado”.

Relação com o pai

Para Lidiane, Ivo foi um pai amigo, que se orgulhava da filha que tinha. “Eu sempre tive uma relação muito boa com ele. Ele era como um amigo meu, que eu ia encontrar para tomar uma cerveja, conversar. Eu ia atrás dele nos lugares que ele tocava, ele me apresentava para as pessoas e falava que eu era filha dele, mas ele achava que tinha que fazer um exame de DNA, sempre brincando, porque eu pareço muito com ele”.

Último encontro com o pai

A filha destaca que seu último encontro com o pai aconteceu em um bar, que Ivo considerava sua segunda casa. “Eu o vi a última vez no Bar do Gaúcho, que era uma segunda casa dele. A família do gaúcho gostava muito do 'veio', acho que todo mundo gostava dele, ele era incrível".